Tem diferentes modos de condução (Wet/Snow, Normal, Sport and Track), possíveis de seleccionar nas patilhas prateadas que saem da consola central. Também a direcção pode ser ajustada para que se torne mais leve. Mas por mais que se faça, este Mustang é sempre um bruto. E um bruto com vontade própria. É que, ao contrário do que acontece com a maioria dos modelos europeus, em que as ajudas à condução quase que nos substituem, corrigindo os erros do condutor a cada instante, o Mustang é aquilo a que se pode designar de um purista. E como purista que é deixa que sejam as mãos e os pés a comandá-lo. Mesmo que este não saiba o que está a fazer. Claro que, com 421cv ansiosos por se libertarem, num carro de motor à frente e tracção atrás, é bom que se saiba bem o que se está a fazer. É que basta um movimento errado para que ele mostre de que fibra é feito. Claro que esta sua característica tão depressa entra nos prós como nos contras, dependendo do gosto de cada um.
Aliada a esta brusquidão está uma suspensão que de confortável tem pouco. O que faz de si aquilo que ele é: um divertido e bonito brinquedo. Em viagens mais longas, tirando partido de um bom apoio lombar, é possível conseguir algum conforto, embora nenhum buraquinho na estrada passe despercebido. Mas se a ideia é levá-lo a percorrer quilómetros e mais quilómetros é conveniente saber bem onde se encontram postos de abastecimento ao longo do caminho: a média oficial está nos 13,5 l/100km, mas não conseguimos baixar a fasquia dos 16,5 litros — embora, sejamos honestos, nem sequer tenhamos tentado.
Aura vintage
Tudo no Mustang leva a imaginação para a década de 1960. Ou quase, porque as funcionalidades são próprias deste século. Basta pressionar uma das alavancas que saem da consola central para que o comportamento do carro se altere ao ajustarem o Controlo Electrónico de Estabilidade (AdvanceTrac), a resposta do acelerador, as passagens da caixa automa´tica e a direcção. Estão contemplados os modos Snow/Wet, que potencia a aderência ao piso; Sport+, que desperta o espírito mais aguerrido; e Track, que promete sensações incríveis em pista. O modo Normal é o mais adequado para o dia-a-dia. Mas desengane-se quem julgue que ao optar por este modo se terá um gato mansinho: mesmo assim o Mustang permanece de garras de fora.
Potência anti-premium
Chega de série com o sistema de conectividade SYNC 2, com o sistema operativo da Microsoft, que nesta segunda geração se apresenta melhorado. O que mais se destaca no dia-a-dia é o sistema de comandos por voz: é eficiente, conseguindo interpretar bem o que é pedido. Mas também é nestes pequenos detalhes que se evidencia que nem os acabamentos são premium nem os materiais usados de topo: batemos no metal e percebemos pelo som que acabará por originar barulhos parasitas. Mas é isso que ajuda um carro de 5.0 litros e 421cv a manter-se abaixo da fasquia dos cem mil euros, ao contrário da maioria da concorrência.
Equipado para conquistar
Há coisas a que o comum norte-americano não dá valor mas que o europeu não dispensa. Por isso, para conquistar a Europa, a Ford dotou o seu Mustang de um pacote específico para o Velho Continente que chega de série. O Pacote Performance integra travões reforc¸ados e uma melhor refrigeração. Além disso, os carros chegam equipados de série com jantes de 19” de série, faróis HID automáticos, ar condicionado de dupla zona, faróis traseiros com LED e um spoileraerodinâmico traseiro.