Fugas - Motores

  • Nuno Ferreira Santos
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Uma R de corrida no confortável corpo de uma trail

Ao contrário das motos de trail, com rodas grandes à frente para melhor ultrapassar obstáculos, a BMW S 1000 XR vem equipada da mesma forma que as motos de estrada, apresentando rodas à frente e atrás de jantes em alumínio fundido de 17” e pneus de estrada. Equipada com potentes travões, na roda dianteira de 265mm com pinças de quatro pistons e atrás de um disco de 265mm com pinça de dois pistons, o sistema BMW Motorrad Race ABS pode ser desligado.

Opcional é o ABS Pro, que dará mais segurança a travar em curva. As suspensões com vários ajustes, mas com menores cursos relativamente às motos de trail, em terreno mais acidentado e em batidas secas, são um pouquinho duras. Mas lá está: não se pode ter tudo.

Um ponto alto da BMW S 1000 XR é a transmissão, de seis velocidades, bastante precisa e apoiada pelo sistema quick shift (veio de sincronização com engrenagem de dentes direitos) que permite mudar de mudança sem ter de apertar a embraiagem ou desacelerar. O sistema corta a ignição, fazendo com que a mudança de caixa seja feita mais rapidamente e com menor quebra na rotação num comportamento mais desportivo. Já numa condução de turismo, beneficiamos desta caixa pelo conforto e despreocupação com a embraiagem. Paralelamente, o cruise control (opcional) dá jeito para conseguir estabilizar a moto numa velocidade constante, o que a 90 km/h permite-nos conseguir cumprir os 5,4 l/100km. Sem aquele sistema será difícil cavalgar em tal monotonia e o depósito de 20 litros vai parecer sempre pequeno, obrigando a visitas regulares à bomba de gasolina. É que a alma do rotativo motor a ouvir-se sair pelo escape empolga-nos e resulta sempre nisto: rodar mais um pouco o pulso direito.

Resumindo, a BMW S 1000 XR é moto para ter boas, longas e escaldantes aventuras. Não sendo uma moto leve e pequena, pode ser a moto colega desembaraçada para os trajectos do dia-a-dia na cidade; pode ser a amante que nos leva a um passeio de curvas e rectas onde queremos sentir o seu poder, a força de travagem e a segurança em curva que nos fará sentir o sangue a correr mais depressa; pode também ser a companheira confortável de longas viagens estrada fora, onde poderemos esquecer as fronteiras e conhecer o mundo.

Enfim, é uma moto que pode assumir vários e distintos papéis e que nos fará sentir felizes em diferentes situações.

Um empecilho?

O modelo que ensaiámos vinha equipado somente com malas laterais, um opcional de mais de 700€ e que permite guardar dois capacetes. Mas o volume exagerado da moto com essas malas laterais faz com que nos pareça muito mais racional a utilização de uma mala top case numa condução de dia-a-dia. Tal traduz-se numa maior facilidade de utilização, além de contribuir para a segurança e conforto de um passageiro. As malas laterais poderão ficar reservadas para grandes viagens.

Fraca visibilidade

Os espelhos pecam pelo tamanho reduzido e por, a partir de uma certa rotação, serem sensíveis à trepidação, fazendo com que a interpretação da imagem reflectida pelos mesmos não seja imediata. As protecções das mãos também poderiam ser um pouco maiores. Já os manómetros são muito completos para o elevado conjunto de informações da moto — velocímetro, caixa de velocidades, modo de condução escolhido, quilómetragem total, temperatura do motor, nível do depósito de combustível, autonomia restante, quilometragens parciais da viagem, consumo médio, velocidade média, relógio... Destaque para o forte LED que nos informa quando a rotação entra em zona vermelha.

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