Fugas - Motores

  • Nuno Ferreira Santos
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A pesada tarefa de limpar o nome de família

Por João Palma

Tipo era o nome de um dos veículos menos fiáveis da gama Fiat. Agora, foi ressuscitado para baptizar um carro que até já foi premiado e não tem nada em comum com o antecessor.

O anterior Fiat Tipo, que existiu desde 1988 a 1995, foi precedido por uma inovadora campanha de lançamento, com recurso a anúncios na televisão, na rádio, nos jornais. Infelizmente, o carro não era tão bom assim, apresentando vários defeitos, pelo que, quando “morreu”, não deixou saudades. Agora, por opção dos responsáveis da Fiat, o nome Tipo foi desenterrado para atribuir a uma nova berlina que tem a injusta tarefa de fazer esquecer as conotações negativas associadas ao antecessor.

O facto é que o novo Fiat Tipo, à venda em Portugal a partir de 26 de Fevereiro, já conquistou o galardão Autobest 2016, conferido pelo júri internacional dessa organização independente, composto por 26 jornalistas especializados de outros tantos países europeus, superiorizando-se a “tubarões” como Opel Astra, Hyundai Tucson, Honda CRV e Mazda CX-3. Curiosamente, na Turquia, onde é fabricada, esta espaçosa berlina de quatro portas e cinco lugares tem um nome bem mais simpático: Fiat Aegea.

Numa área onde há pouca oferta, o das berlinas de quatro portas do segmento C com preço acessível, este novo veículo da marca de Turim perfila-se com um jogador de peso. Ao conceber este carro, a Fiat apostou na funcionalidade e no conceito “value for money” (valor recebido pelo preço pago).

Apostando na vertente funcional, esta berlina de quatro portas não deixa de ter um design elegante na boa tradição italiana, com um formato de linhas fluidas a lembrar o de um coupé. Ao visual exterior corresponde um habitáculo espaçoso para acomodar cinco pessoas com conforto, inclusive o passageiro do meio atrás, até porque o túnel de transmissão é baixo. Por sua vez, a mala, com 520 litros (e ainda a possibilidade de aumento de capacidade por rebatimento dos bancos traseiros), é uma das mais amplas em veículos do segmento C. O carro que conduzimos trazia sob o fundo da mala uma roda sobresselente, uma opção muito recomendável (por 50€), em vez do kit de “reparação” de pneus de série.

Conduzimos um Fiat Tipo com o nível superior de equipamento, Lounge, e a motorização mais potente, 1.6 a gasóleo de 120cv. Este motor revela-se adequado para deslocar os 1345kg de peso deste veículo, reagindo com rapidez nas acelerações e recuperações ao pisar do acelerador. É fácil encontrar uma boa posição de condução e a visibilidade é boa. Refira-se que, para quem gosta, que é possível regular o banco do condutor para uma posição baixa, mais comum em veículos desportivos. Em cidade, o Fiat Tipo dispõe do modo de condução City, que torna a direcção mais leve e facilita as manobras. A caixa manual de seis velocidades é de fácil accionamento. O consumo médio oficial é 4,2 l/100km. Num percurso com cerca de 150km obtivemos uma média de 5,9 l/100km. Há, porém, que ressalvar que fizemos essencialmente condução em cidade e o carro era novo, pelo que é expectável a obtenção de médias a rondar os 5,0 l/100km. Refira-se que o Tipo não dispõe de sistema Start/Stop de paragem e arranque automáticos do motor.

A simplicidade e facilidade foram os princípios em que se baseou esta berlina. Só dois níveis de equipamento, Easy e Lounge, e três motores: 1.4 atmosférico a gasolina com 95cv, 1.3 turbodiesel Multijet II com 95cv e 1.6 turbodiesel Multijet II com 120cv. Os preços começam nos 15.300€ do 1.4 a gasolina com o nível Easy, sendo a viatura que conduzimos, 16 diesel com 120cv e nível Lounge, a mais cara (21.300€). No nível Easy, o Fiat Tipo traz o essencial em segurança, conforto e vida a bordo. Mas os 1000€ de diferença entre o Easy e o Lounge, que já inclui algumas pequenas mordomias como sensores de luz e de chuva, além de abertura automática da mala (de série em toda a gama), são amplamente compensados pelo equipamento adicional. A lista de opcionais é reduzida e todos têm um preço acessível, como por exemplo o sistema de navegação (500€) ou a câmara de estacionamento traseiro (200€).

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