Fugas - Motores

Alma urbana, potência feroz

Por Carla B. Ribeiro

Pegar no pequeno, mas robusto, Juke e dotá-lo de uma potência equiparável a um veloz desportivo pode parecer uma ideia disparatada. Mas a Nissan compreendeu que unir o melhor de vários mundos é o que faz deste modelo um crossover de sucesso.

Na sua versão mais comum, o Juke, não obstante as suas linhas robustas e carregadas de solidez, é sobretudo um carro citadino, capaz de cativar clientes jovens ou famílias cuja prole se fique por um ou dois filhos ainda pequenos. É confortável q.b., fácil de conduzir e dinâmico o suficiente.

Características a que se mantém fiel nesta versão mais aguerrida. Ou seja, não é por dispor de 218cv — ainda mais que o original de há três anos — que ganha vida própria. Aos comandos do Juke Nismo RS, é o condutor quem manda. E se a ideia é fazer uma viagem tranquila não haja temor: o carro não se queixa por se manter abaixo das duas mil rotações, cumprindo tudo aquilo que lhe é requisitado. E até mesmo naquele pára-arranca chato de fim de dia o potente bloco não acusa stress.

Com mais potência e também mais binário disponível (280 Nm entre as 3600 e as 4800 rotações por minuto), o propulsor 1.6 turbo com injecção de alta pressão sequencial é, no entanto, uma caixinha de surpresas. E o seu comportamento assim que se sobe de regime não deixa ninguém indiferente. Nem quem segue dentro do carro, nem quem o vê passar. Pela forma como se comporta, mas sobretudo pela forma como soa: o ronco do motor a partir das 3000rpm denuncia uma alma agressiva que até se poderia julgar que seria difícil de dominar. No entanto, à medida que se assemelha mais a um feroz tigre, mais a sua condução se parece com um dócil gatinho. Isto consegue-se pela presença de um diferencial autoblocante de série na versão 4x2 que conduzimos. Ou seja, com toda a potência e torque entregue apenas às rodas dianteiras, o carro, mesmo numa aceleração mais brusca, não assume o comportamento de um animal desenfreado e nem por um momento se sente a frente a fugir-nos. Mas concretiza qualquer ultrapassagem de forma segura. E na altura de travar? Aí, o carro volta a colocar-se ao serviço do condutor, revelando-se suave e seguro.

Mas não é apenas o seu comportamento que chama à atenção. O visual do Juke Nismo RS distingue-se facilmente de um qualquer seu irmão menos potente. No caso do modelo testado, pelos vários apontamentos vermelhos que se destacam na carroçaria branca, pelas jantes de 18 polegadas com pinças de travão em vermelho, pela grelha a exibir o nome Nismo — acrónimo de Nissan Motorsports, a divisão do fabricante japonês criada em 1984 para produzir modelos desportivos e de competição —, ou pela ponteira negra da saída de escape. No habitáculo, o ambiente de um desportivo volta a ser reproduzido, a começar pelos bancos dianteiros que proporcionam um apoio muito eficaz. Um pouco por todo o interior salta à vista o uso da suave alcântara, inclusive no volante — um detalhe muito agradável ao toque, embora nos crie dúvidas no resultado a longo termo.

Ao nível do equipamento de série, o Juke Nismo RS pode colocar-se entre os urbanos mais bem equipados. Na segurança, em que o Juke de 2011 obteve cinco estrelas Euro NCAP, destaca-se a inclusão dos encostos de cabeça activos dianteiros, da direcção assistida eléctrica sensível à velocidade, do cruise control e limitador de velocidade com comandos no volante, da carroçaria e suspensão com estruturas reforçadas específicas Nismo RS ou dos discos de travão dianteiros sobredimensionados de 320 mm. Na tecnologia, o modelo inclui o novo sistema NissanConnect, com ecrã táctil de 5,8” e sistema de navegação em 3D, além de câmara de visão traseira.

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