Fugas - Motores

Fábio Augusto

Um elefante preparado para marajás

Por João Palma

Os elefantes são poderosos e pacientes animais de trabalho. Devidamente ajaezados, serviam como transporte de luxo para príncipes e marajás. A Toyota Hilux, um animal de trabalho, é um transporte de luxo na versão de lazer.

Conduzimos a nova Toyota Hilux, uma pick-up clássica que, desde 1968, já vai na oitava geração. Seguindo a tendência actual, a par de versões de trabalho, com cabina simples e extra (dois ou três lugares), também propõe na carroçaria de cabina dupla, com cinco lugares, duas variantes vocacionadas para o lazer: a de entrada, Hilux Trial e Tracker, e a mais luxuosa, Hilux Tracker. O veículo que nos disponibilizaram foi uma Hilux Trial e Tracker com tracção 4x4, motor 2.4D-4D de 150cv e um preço-base de 39.000€.

As pick-ups nasceram para serem robustos veículos de trabalho com força suficiente para transportar cargas por terrenos difíceis, privilegiando a eficácia em detrimento do conforto. Porém, até devido à legislação fiscal que as beneficiava face a outros tipos de viaturas todo-o-terreno, foram evoluindo e, mantendo as versões de trabalho originais, começaram a apresentar em paralelo variantes com vocação para o lazer, dotadas de equipamento de vida a bordo que proporcionam aos seus ocupantes o mesmo conforto que uma berlina — embora, estas já não usufruam das mesmas condições (e mesmo as de trabalho têm vindo a perder benefícios fiscais).

É o caso da pick-up que conduzimos, na versão de lazer Trial e Tracker. A posição de condução é alta e o veículo é grande, mas, para condutor e passageiros, em termos de conforto e vida a bordo, a sensação é a mesma experimentada numa berlina já com um certo luxo e bom nível de equipamento. No habitáculo, os plásticos são duros, como é tradição japonesa, mas os acabamentos são cuidados e a moldura cromada do tablier dá um certo requinte à Hilux Trial e Tracker. Depois, um ecrã táctil multifunções de 7’’ com sistema de infoentretenimento e câmara de visão traseira, ecrã TFT colorido com visores atrás do volante, ar condicionado, cruise control, vidros traseiros escurecidos, etc., conferem a este veículo ambiente e instrumentações comparáveis aos de uma berlina.

No entanto, por mais 750€, é aconselhável o nível superior, Tracker, que adiciona jantes de liga leve de 18’’ (face às de 17’’ do Trial e Tracker), faróis e luzes de dia LED, bancos em pele, ar condicionado automático, arranque por botão, assistente de controlo em descidas, aviso de saída de faixa de rodagem, sistemas de pré-colisão com detecção de peões e de reconhecimento de sinais de trânsito. Outra opção recomendável é a cobertura da caixa de carga. Aliás, ao contrário de um veículo de turismo normal, não é fornecido o volume da mala, mas as dimensões da caixa, 1640mm de largura, 1570mm de comprimento, 480mm de altura, 1080kg de capacidade de carga e 3200kg de capacidade de reboque.

No que toca a versões de lazer, há ainda uma Hilux Tracker com tracção traseira (29.950€) e uma Tracker 4x4 com caixa automática de seis relações (45.700€). A pick-up que conduzimos trazia uma bem escalonada e muito elástica caixa manual de seis velocidades acoplada ao único motor disponível para a Hilux, o 2.4D-4D diesel de 150cv, que substitui com vantagem em termos de performances, conforto e economia o anterior 2.5 a gasóleo. Com este novo motor, num percurso de cerca de 300km em estrada, auto-estrada e cidade, conseguimos obter uma média de 8,2 l/100km, muito aceitável para um veículo com 5330mm de comprimento, 1815mm de altura, 1855mm de largura e um peso de 2200kg. Fora de estrada, os consumos sobem para a casa dos dois dígitos.

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