Fugas - Motores

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De Espanha, com carinho e cuidados extra

Por Maria Lopes

Depois do Mondeo, S-Max e Edge, o construtor do símbolo oval estendeu agora a linha topo de gama Vignale ao seu novo SUV para tentar desafiar os clientes que olham para marcas alemãs quando pensam neste segmento.

Tem muitos pormenores terminados à mão na fábrica valenciana de Almussafes, cuidados dignos de um topo de gama: o Ford Kuga Vignale vem coroar a oferta do novo SUV da marca e pretende ser a demonstração de que o fabricante está atento aos requisitos do luxo. Por fora, as diferenças são poucas em relação às restantes gamas do SUV, mas lá dentro respira-se, de facto, outro ambiente, fruto da atenção na escolha e montagem dos materiais.

O modelo mais alto da gama está disponível em Portugal para encomendas desde o lançamento do Kuga, mas ainda nenhum chegou às estradas portuguesas e nem sequer terá grande expressão nas vendas do modelo, que a marca estima que cheguem, em média, às 150 a 200 unidades por mês. Mas a intenção da Ford é desafiar aqueles clientes que olham para o segmento dos SUV médios dos construtores alemães ou para as recentes ofertas francesa (Peugeot 3008) ou espanhola (Seat Ateca).

Vamos por partes: Alfredo Vignale era um carroçador italiano, de Turim, que nas décadas de 40 a 60 do século passado se notabilizou pela preparação de modelos icónicos de marcas como a Fiat, Lancia, Ferrari e Maserati. Nos anos 70, a Ford comprou a marca Vignale, que já então estava incorporada na Ghia, mas deixou-a adormecida 30 anos. Recuperou-a para um protótipo do Ford Focus que viria a chegar à produção sob a forma do coupé-cabriolet do Focus de segunda geração, em 2004. Porém, demoraria uma década para que o Vignale entrasse de novo, e desta vez formalmente, nos planos da Ford para baptizar a sua gama mais exclusiva. Começou com o Mondeo, alastrou ao S-Max, Edge e chega agora ao Kuga.

Não há quaisquer diferenças em termos mecânicos entre o nível Vignale e o Titanium, a gama imediatamente abaixo. Por fora, o Kuga Vignale distingue-se por ter uma grelha frontal com favos de colmeia e inserções cromadas na grelha dianteira, nos faróis de nevoeiro, nas saias laterais e na traseira. E há um logo próprio junto às portas dianteiras e desenhos especiais para as jantes.
Por dentro, respira-se o ar de uma gama premium, assinalada no lettering na base das portas. Seja nos estofos de couro ebony (escuro) ou cashmere (creme) com desenhos exclusivos – incluindo em favos –, seja nas inserções de pele nas portas, rematadas com costuras de pespontos de linha grossa e com um toque extremamente suave, seja na sensação de robustez dos materiais (e respectiva montagem) da consola central e do tablier. O couro utilizado no Vignale é italiano, mas antes de chegar à fábrica espanhola da Ford de Almussafes, onde o modelo é montado, passa por uma das unidades da Faurecia na Roménia para ser tratado, por outra da mesma marca em Valência e só então é entregue, já aplicado nas respectivas peças, na linha de montagem.

O cuidado está não só nos materiais utilizados mas também na forma como os acabamentos são feitos. Almussafes tem um laboratório onde testa os tabliers dos vários modelos ali construídos e no caso do Kuga é especial o enfoque no Vignale, para encontrar minúsculos defeitos, em especial uniões mal feitas, que provoquem ruídos nesta enorme composição que domina o interior do carro. O tablier é colocado num suporte que simula a passagem do veículo pelos vários tipos de piso, desde o alcatrão rugoso ao empedrado com vários desníveis, e que o abana de forma a se detectar se há barulhos indesejáveis, para depois se perceber o que é preciso corrigir.

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