Fugas - Motores

Um SUV diferente

Por João Palma

Entrar tarde mas em boa hora. Quem quer aceder a um segmento altamente competitivo e em crescimento rápido, recheado de boas propostas, tem de apresentar algo que não seja mais do mesmo. O crossover C-HR tem um design arrojado e não tem motorizações diesel.

A Toyota entrou tarde num subsegmento em franca expansão – o dos SUV/crossovers – com muitos concorrentes de peso. Para ter hipóteses de sucesso, teria de marcar a diferença. O C-HR, um crossover do segmento C (o dos veículos compactos), agora posto à venda, preenche esse requisito. Para começar, num segmento onde o gasóleo ainda é rei, não propõe motorizações diesel. Depois, destaca-se pelo visual dinâmico e algo futurista, que é quase uma cópia fiel do protótipo que lhe deu origem.

Os veículos produzidos pela Toyota têm vários pontos fortes, mas o design, por vezes algo discutível e conservador, nunca foi um deles. Porém, o C-HR, com linhas ousadas, não faz concessões no estilo, mesmo em prejuízo da funcionalidade. Por exemplo: a carroçaria prolonga-se atrás para cima, unindo-se ao spoiler, reduzindo a superfície dos vidros traseiros; os puxadores das portas atrás estão colocados junto ao tejadilho, num ponto de difícil acesso a uma criança.

Não se pense que esses inconvenientes não foram discutidos quando este SUV foi criado, mas os responsáveis pelo design deste veículo mantiveram-se firmes: alterar a curva da linha de cintura, ter janelas maiores e puxadores na posição habitual iria desvirtuar por completo a imagem do carro, tornando-o igual aos outros. E o facto é que o C-HR se distingue tanto no exterior (em especial na traseira) como no exterior, com linhas fortes e bem vincadas, inspiradas nas facetas de um diamante, combinando a parte superior de carroçaria de um coupé com a forte base de um SUV.

O nome, C-HR (Coupe-High Rider), é outro ponto em que este modelo se distingue dos outros veículos da Toyota, como Auris, Yaris ou Prius, que não usam siglas na designação. Acresce que C-HR se pode facilmente confundir com siglas que identificam veículos de outras marcas, mas mesmo assim os responsáveis da marca japonesa mantiveram-se firmes nos propósitos.

Outro aspecto em que o C-HR marca a diferença é o de só propor motorizações a gasolina e híbrida eléctrica/gasolina, ao contrário da grande maioria dos fabricantes da concorrência, que privilegiam o gasóleo (por vezes, em exclusivo). Aliás, a Toyota há muito que considera que os motores diesel, devido às emissões, estão condenados a médio/longo prazo e tem desenvolvido as motorizações híbridas, área onde é líder de vendas.

Menos positiva é a insistência da Toyota em equipar de série os seus veículos com um discutível kit de “reparação” de pneus, algo ainda mais aberrante quando se trata de um SUV como o C-HR. Os responsáveis da Toyota Portugal dizem que é possível ter em opção uma roda de emergência, algo que se recomenda.

Fabricado na Turquia, este SUV tem 4360mm de comprimento, 1795mm de largura, 1555 mm de altura, uma distância entre eixos de 2640mm e 10,40 metros de diâmetro de viragem, pesando 1535kg (dados para a versão híbrida). O C-HR, com cinco portas, pode transportar cinco ocupantes e tem uma mala com 377 litros.
Este é o segundo modelo Toyota, depois do Prius, a adoptar a nova plataforma TNGA, com melhorias de estabilidade e de dinâmica, baixo centro de gravidade e posição de condução elevada, típica de um crossover, embora a altura livre ao solo de apenas 14,6cm o torne mais vocacionado para o asfalto que para incursões fora de estrada.

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