Fugas - Motores

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Se não os podes vencer, junta-te a eles

Por João Palma

A imagem da Land Rover é a de veículos de tracção integral, aptos para os mais árduos desafios. Porém, hoje em dia, a imensa maioria dos possuidores de SUV raramente sai do asfalto, pelo que a marca teve de seguir a tendência.

O mercado português é marginal, pelo que pouco se justifica criar veículos para satisfazer os requisitos específicos dos seus clientes e da legislação. Porém, o Land Rover Discovery Sport com motor diesel 2.0 de 150cv e tracção dianteira parece ter sido feito de encomenda para Portugal. Tem alguma aptidão para enfrentar terrenos de baixa/média dificuldade (ver as cotas todo-o-terreno deste modelo), mas está mais apto a circular no alcatrão. Acresce que, com Via Verde, é classe 1 nas portagens.

Ainda há poucos anos, para os puristas, imaginar um Porsche com motor a gasóleo seria uma heresia. Porém, a marca teve que obedecer ao mercado e criou veículos com motor diesel. Por seu lado, a Land Rover sempre teve no seu ADN o todo-o-terreno: mais ou menos confortáveis, todos os seus veículos estavam preparados para enfrentar desafios fora de estrada por terrenos árduos e íngremes, com tracção integral e dispositivos adequados. A realidade dos factos, com crescimento exponencial do subsegmento dos SUV/crossovers, veículos mais vocacionados para a selva urbana e cujo maior desafio é subir passeios (a grande maioria dos possuidores de um SUV nunca levou o seu carro para a terra), levou a marca inglesa detida pela indiana Tata Motors a repensar as suas opções.

Já tínhamos conduzido em Março deste ano uma versão “clássica” deste sucessor do Freelander, com o novo motor 2.0 diesel na variante de 180cv, tracção integral, caixa automática de nove relações e nível superior de equipamento, HSE Luxury. Vantagens: as suas capacidades para circular fora de estrada, com um conjunto de sistemas de apoio à condução que tornam fáceis os mais difíceis obstáculos, a simplicidade de condução, o conforto e suavidade proporcionados para os ocupantes, tanto no asfalto como fora dele — como escrevemos então, seria um grande pecado não aproveitar e desfrutar as suas potencialidades no todo-o-terreno. Desvantagens: o seu preço-base de 66.434€ e ser classe 2 nas portagens.

Agora, experimentámos uma versão do Discovery Sport mais “portuguesa”, com tracção dianteira, a variante menos potente do bloco diesel 2.0, com 150cv, caixa manual de seis velocidades e o segundo dos quatro níveis de equipamento, SE. Desvantagens: apesar de ter algumas aptidões para circular fora de estrada por trilhos e estradões de baixa/média dificuldade, graças à sua altura ao solo e ângulos ventral, de entrada e de saída (a Land Rover nunca poderia renegar integralmente a sua imagem), está muito longe de ter as capacidades das versões 4x4. Vantagens: as versões 4x2 com a mesma potência custam quase menos 5000€, dotadas de dispositivo Via Verde são classe 1 nas portagens e o consumo é menor. No nível de entrada, Pure, o Discovery Sport 2.0 de 150cv custa 43.004€ – ainda não é um veículo barato, mas está mais acessível. Mantém-se o conforto, a manobrabilidade, a suavidade e facilidade de condução comuns a toda a gama, comparáveis a uma limusina estradista.

Os 150cv do motor, aliados a uma caixa manual de fácil manuseio, fazem com que este Discovery Sport de tracção dianteira se comporte muito bem nas recuperações e ultrapassagens, com reacção rápida às manobras do volante e ao pisar do acelerador. Num percurso misto de 350km, com estrada, estrada de montanha, auto-estrada e cidade (com engarrafamentos), obtivemos uma média de 6,5 l/100km, algo distante dos 4,7 l/100km anunciados, mas ainda assim muito aceitável para este veículo que pesa 1740kg. Aliás, em auto-estrada ou estrada, respeitando os limites de velocidade, os consumos ficam abaixo dos 6,0 l/100km.

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