Fugas - Motores

Os carros eléctricos vieram para ficar

Por João Palma

A mobilidade eléctrica avança a ritmo acelerado. Se ainda há pouco a autonomia real de um carro eléctrico era de pouco mais de 100km, com o novo Zoe 40 é possível ir de Lisboa ao Porto só com uma carga rápida a meio do caminho.

Os veículos eléctricos começam a ser uma alternativa real de mobilidade, com a solução gradual das suas maiores desvantagens: o preço, a autonomia e o tempo de carga das baterias. O novo Renault Zoe E.V. 40, com lançamento em Portugal no fim de Janeiro de 2017, tem uma autonomia teórica de 403km segundo o New European Driving Cycle (NDEC) e com uma condução cuidadosa pode fazer à vontade 300km. O preço começa nos 24.850€ com aluguer da bateria (desde 69€/mês) ou 32.150€ com bateria incluída.

O tempo de carregamento ainda é um factor importante e a verdade é que a bateria de 41 kWh do novo Zoe leva mais tempo a carregar que a de 22 kWh do Zoe da primeira geração (mas não o dobro). Porém, há novas perspectivas nessa vertente. Depois de um período de estagnação entre 2011 e 2015 da rede portuguesa de postos públicos de carregamento, a Mobi.E, a entidade que centraliza a gestão da rede, está a ganhar novo impulso: para além da recuperação dos muitos postos avariados, vai haver mais 44 postos de carga rápida (43 kW) espalhados pelo país, a conversão de 100 postos de 3,6 kW em postos de 22 kW (num total de 200) e mais 124 postos normais.

Na apresentação internacional do novo Zoe E.V. 40, feita em Portugal na zona de Lisboa e no Oeste, os responsáveis da Renault taparam o indicador de carga da bateria com um autocolante e desafiaram os jornalistas a fazerem o percurso de teste proposto conduzindo o Zoe como qualquer outro carro, sem preocupações de poupança de bateria. O trajecto poderia ter sido congeminado por um típico taxista de aeroporto: partindo do Aeroporto de Lisboa seguia até Cascais, passava pelo Guincho em direcção a Torres Vedras, via Ericeira, e por fim pela A8 até Óbidos — cerca de 130km em sobe e desce, curvas e contracurvas.

Pois bem, dentro dos limites, mas de prego a fundo mesmo nas subidas, chegámos com mais de 100km de autonomia a Óbidos, algo impossível com os veículos eléctricos actuais (com a excepção do novo Nissan Leaf de 30 kWh, que tem uma autonomia teórica de 250km). Os responsáveis da Renault foram mais longe: sabendo que a autonomia segundo a norma NEDC é meramente teórica, apresentaram médias reais: 300km no Verão e 200km com as baixas temperaturas do Inverno do Norte da Europa. Com o Zoe 40 já é possível ir sem sobressaltos de Lisboa ao Porto (ou vice-versa), parando na área de Pombal cerca de 30 minutos para um recarregamento rápido.

Com 4084mm de comprimento, 1730mm de largura e 1562mm de altura, a habitabilidade do Zoe é equiparável à do Clio, tem cinco portas, pode transportar cinco adultos e tem uma mala com 338 litros (1225 com os bancos traseiros rebatidos). Estes valores são equiparáveis aos de um utilitário dotado de motor de combustão.

A diferença fundamental entre o actual Zoe de 2012 e a versão que virá em Janeiro de 2017 está na bateria, que, com as mesmas 192 células distribuídas por 12 módulos e ocupando o mesmo espaço sob os bancos no fundo do carro, tem o dobro da eficiência. O Zoe de 22 kWh continuará a ser comercializado com preços desde 22.150€ (com aluguer da bateria) e na nova modalidade (na Renault) de aquisição do carro com bateria incluída (mais 7500€, tal como no caso do novo Zoe E.V. 40).

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