A Toyota é um fabricante automóvel sui generis, com filosofia distinta do grosso das outras marcas. Por exemplo, antecipando o apertar da legislação europeia no que respeita às emissões dos propulsores diesel, há muito que pôs o gasóleo de parte, apostando nas motorizações híbridas eléctricas/gasolina, domínio onde é líder. Por outro lado, (ainda) não dispõe na sua gama de veículos 100% eléctricos. Em contrapartida, é percursora na comercialização de um automóvel a pilha de combustível, o Mirai.
O novo crossover da Toyota, o C-HR, tem muito em comum com os outros veículos da marca japonesa, mas também tem algo de diferente. Em comum, partilha a plataforma modular TNGA, estreada no Prius, bem como o conjunto propulsor híbrido eléctrico/gasolina com 122cv de potência combinada acoplado a uma caixa de variação contínua. Com diferença do Prius, também está disponível com um motor 1.2 a gasolina de 116cv, com uma caixa manual de seis velocidades.
Embora o veículo que nos disponibilizaram fosse um híbrido, a versão em que a Toyota Caetano Portugal aposta com mais força, abrimos um parêntese para falar do C-HR a gasolina, que tivemos oportunidade de conduzir na apresentação internacional deste SUV. Em cidade, as vantagens da variante híbrida são evidentes, tanto nos consumos como na comodidade de condução com trânsito congestionado. Já fora do ambiente urbano, o C-HR a gasolina tem um comportamento mais vivo com performances superiores e é menos ruidoso que a versão híbrida. De sublinhar ainda o comportamento da caixa manual com gestão electrónica (das melhores do mercado), denominada Transmissão Manual Inteligente, similar à de uma caixa automática de dupla embraiagem, aumentando ou reduzindo automaticamente as rotações, proporcionando passagens de caixa extremamente suaves.
O C-HR que conduzimos tinha o nível de equipamento intermédio, Comfort, com o Pack Style, que se prevê que venha a constituir 40% das vendas. Com o conjunto propulsor híbrido e caixa de variação contínua tem um comportamento similar ao do Prius. Em cidade e em modo eléctrico é silencioso e agradável de conduzir. As vantagens são ainda mais evidentes em situações de congestionamento de trânsito, com pára-arranca e frequente entrada em funcionamento do motor eléctrico, tanto no conforto como na economia de consumos.
Já em estrada, se se pisar o acelerador o ruído aumenta exponencialmente sem que isso tenha correspondência nas reacções do veículo, que é algo lento a responder. De realçar, no entanto, a facilidade de condução, o conforto, o equilíbrio e o comportamento em curva. Num percurso misto de cerca de 350km, conseguimos uma média de 5,1 l/100km, distante dos 3,9 l/100km oficiais, mas um bom valor.
Igual, mas diferente. Os veículos da Toyota têm muitas qualidades e são muito funcionais, mas nunca primaram pelo arrojo ou elegância do design. O C-HR rompe com esse paradigma, com um visual dinâmico e futurista em que se destaca a traseira, tem a silhueta de um bonito coupé desportivo, com maior altura ao solo (14,6cm). É verdade que, como referimos, tendo um comportamento fiável, pelas suas reacções não é um desportivo. Por outro lado, a maior altura ao solo não lhe confere aptidões especiais para circular fora de estrada. Mas não deixa de cativar os olhares, mesmo se, em prejuízo da funcionalidade, as janelas traseiras sejam reduzidas e o acesso atrás dificultado (até pela altura dos puxadores das portas, fora do alcance de crianças).