Fugas - Motores

  • Fábio Augusto
  • Fábio Augusto
  • Fábio Augusto
  • Fábio Augusto

O “assassínio” de um carro

Por João Palma

Um SUV de sucesso na Europa com vendas marginais em Portugal. Porquê? Por ser caro? Por não ser seguro? Por não estar bem equipado? Nada disso: só por ter mais de 1,10m de altura do capot ao solo e assim ser classe 2 nas portagens.

Se o Mokka X fosse uma equipa de futebol, podia-se dizer que tinha sido derrotada por uma arbitragem escandalosa. Esta segunda geração do SUV compacto do segmento B da Opel, tal como a primeira, está à partida penalizada pela absurda e ultrapassada legislação portuguesa que classifica como classe 2 nas portagens todos os veículos que meçam mais de 1,10m de distância do topo do capot ao solo, sem levar em conta o peso e outras dimensões da viatura.

Uma norma tão aberrante que foi preciso abrir uma excepção para o anterior Smart, que em rigor seria classe 2, porque, não tendo capot, deveria ter sido medido a partir do tecto. Uma norma tão anormal que um veículo que pese 2 toneladas (com o consequente maior desgaste do asfalto), desde que cumpra os 1,10m da regra, é classe 1 e outro que pesa 1,4 toneladas é classe 2. Tão absurda que penaliza o facto de a maior altura ao solo do Mokka X ser para protecção acrescida dos peões em caso de embate.

É por isso que a primeira geração do Mokka, que é o terceiro modelo mais vendido da Opel na Europa (atrás do Corsa e do Astra), em Portugal está no sétimo lugar nas vendas.

E o SUV compacto da Opel não está sozinho. Há mais veículos (como o Kadjar da Renault) na mesma situação e estão na forja outros, com a crescente preferência pelos SUV e também pelas exigências do Euro NCAP (a entidade europeia que classifica os veículos em termos de segurança) no que toca à protecção dos peões. Este absurdo é reconhecido, mas a situação mantém-se por inércia das autoridades e por as entidades operadoras das redes viárias não quererem abdicar de um cêntimo dos seus ganhos derivados dos contratos com o Estado português.

O Mokka, nesta segunda geração, acrescentou à sua designação a letra X, com a qual a marca alemã passará a distinguir todos os seus futuros SUV. O veículo que conduzimos, com o nível de equipamento Innovation, trazia de série o sistema Opel OnStar de apoio permanente ao condutor e, em opção, iluminação inteligente e adaptativa com faróis LED (1000€) e o Opel Eye (500€, indicador de distância de segurança, alerta de colisão dianteira, reconhecimento de sinais de trânsito, aviso de saída faixa), dispositivos auxiliares de condução que já foram descritos em textos anteriores. Outra opção muito recomendável era a roda sobresselente de emergência de 16’’. Já as jantes de liga leve e pneus de 19’’, por 1000€, só têm um efeito estético e penalizam os consumos e emissões face às jantes de liga leve de série com 16’’.

O motor diesel 1.6 CDTI de 136cv, da nova geração de propulsores da Opel, acoplado a uma caixa manual de seis velocidades precisa e eficiente, proporciona uma condução fácil tanto em cidade como em estrada, com boa resposta ao pisar do acelerador a partir das 1500 rpm. O Mokka X com este propulsor é muito frugal nos consumos: em cerca de 300km de um percurso variado, com uma condução cuidada mas alguns congestionamentos de trânsito, obtivemos uma média de 5,2 l/100km.

Com 11,5 metros de diâmetro de viragem entre passeios, não é dos melhores em termos de brecagem, mas isso é compensado por uma boa visibilidade, pelos sensores de estacionamento à frente e atrás e pela câmara de visão traseira opcional. Junte-se a isso os já referidos Opel OnStar (um dos melhores sistemas de apoio ao condutor existentes no mercado), o sistema de infoentretenimento e navegação Intellilink, assim como os opcionais Opel Eye e a iluminação AFL+ com faróis LED, e temos um dos carros mais bem equipados em termos de segurança e conectividade do seu segmento.

--%>