Também não é uma moto pensada para agradar a gregos e troianos. É uma moto minimalista, sem grandes apetrechos, reduzida ao essencial, pura e dura. De condução fácil a qualquer tipo de exigência, pode-se escolher entre passear uma obra de qualidade e design num domingo soalheiro ou ser o Steve McQueen cá do sítio e fazer os cavalos gritar pela juventude e ter o prazer de “brincar” às motos.
Tão perto e tão longe
Terá sido decerto o detalhe que mais desagradou ao longo dos dias em que me passeei nesta scrambler: a posição dos espelhos que, certamente respeitando o código de estética desta BMW R nineT Scrambler, parecem ter sido pensados mais para enfeitar do que propriamente para utilizar. Colocados demasiado perto do olhar do condutor, não permitem um bom ângulo de visão, sendo mais as vezes que se tem de virar a cabeça do que se pode confiar no que os retrovisores mostram. E, a bem do conforto e da segurança, não seria descabido sacrificar o design.
Bons sons
É uma das (várias) boas surpresas que se tem assim que se roda a chave na ignição: o magnífico ronco que se solta do escape de ponteira dupla. E não se pense que é só música para os ouvidos. O barulho corresponde exactamente àquilo que se pode esperar desta mota que mais parece um animal cheio de vida e com muito para dar. Até alguns coices... Do ponto de vista do design, os colectores, bem visíveis e serpenteando até às duas ponteiras douradas junto ao banco, mais parecem uma obra de arte, casando perfeitamente com todo o conjunto.
De encher as medidas
Não é mentira se se disser que esta BMW R nineT Scrambler tem vários atributos com os quais pode conquistar uma legião de fãs. Mas há um que se destaca: o motor Boxer. O bicilíndrico a quatro tempos exibe duas cabeças gigantes de 600cc, cada qual a sair horizontalmente para cada lado do bloco que parece não caber na moto. E o tamanho neste caso não engana. A verdade é que temos motor que nunca mais acaba. Com uma potência equivalente a 110cv e um binário máximo de 116 Nm às 6000 rpm, não precisa de se esforçar para encher as medidas.
Bonito, mas...
Tudo nesta scrambler parece ter sido pensado ao mais ínfimo pormenor no sentido de transmitir uma harmonia estética. Por isso, não nos surpreende a existência de um só manómetro, bem redondinho, a fazer pandã com o farol que marca toda a frente. Naquele é visível um velocímetro analógico e várias informações num pequeno ecrã digital — temperatura do óleo do motor, horas, luzes avisadoras de mudança de caixa, etc. Bonito, sem dúvida. Mas, numa moto com a musicalidade que esta tem, sente-se a falta de um conta-rotações para ver o ponteiro a trepar ritmadamente a sua escala.