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Nelson Garrido

Turistas em hostels do Norte já são mais do que os que escolhem hotéis

Por Abel Coentrão

Inquérito a 450 turistas no aeroporto revela mudança. Quem visita o Norte fica menos tempo, mas está a gastar mais dinheiro

Foram notícia pelo número de unidades que, nos últimos anos, abriram no Porto. Depois, com o excesso de oferta, alguns foram postos à venda, o que foi notícia também. Mas, na verdade, os hostels estão para durar. No primeiro trimestre deste ano, no inquérito habitualmente realizado pelo Instituto de Turismo (IPDT) no aeroporto, duplicou a percentagem dos que escolhem este tipo de alojamento, que assim, pela primeira vez, ultrapassou os hotéis na preferência dos estrangeiros que passaram pela região em lazer.

No primeiro trimestre de 2013 os turistas gastaram mais nas visitas ao Porto e Norte, comparativamente ao mesmo período do ano passado. De acordo com estudo trimestral sobre o perfil dos turistas que visitam a região, desenvolvido pelo IPDT - Instituto de Turismo, entre os meses de Janeiro e Março o gasto médio global situou-se nos 568 euros, o que dá uma média de 283 euros diários por turista.

Comparando com dados anteriores, o IPDT assinala que há "um aumento de cerca de 13 por cento face ao mesmo período de 2012. Estes dados reforçam a tendência de aumento dos consumos, já registada em 15 por cento no último trimestre de 2012", acrescenta. A questão é que na categoria "férias" não é principalmente nas dormidas que o aumento dos gastos se repercute, tendo em conta a aposta cada vez maior na versãolow-cost do alojamento. Os hostels já colhem a preferência de 39,2% dos inquiridos, contra 38% que dizem ter ficado em hotéis. As pensões (13,9%) os albergues/residenciais (5,1%), os apartamentos turísticos (2,5%) e o turismo rural (1,3%) foram os únicos estabelecimentos que perderam clientes.

O presidente da Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo (Aphort) considera naturais estes resultados dos hostels, tendo em conta o crescimento do movimento de passageiros em companhias aéreas de baixo custo (low-cost), no aeroporto Sá Carneiro. "É um nicho importante, que tem o seu espaço na região", assinala o responsável.

Segundo o comunicado do Instituto de Turismo, outra das conclusões deste inquérito a 450 turistas na sala de embarque do aeroporto é que os tempos de estada média para o segmento de negócios foram superiores ao do trimestre homólogo de 2012. Pelo contrário, a estada média para os outros dois segmentos (lazer e visitas a familiares/amigos) diminuiu. O rendimento médio dos inquiridos, esse, é mais baixo do que se tinha verificado no estudo anterior e situa-se, na maioria dos casos, no intervalo entre os mil e os três mil euros.

Hostels ilegais preocupam

O presidente da Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo mantém a preocupação, publicamente assumida no início do ano, quanto à proliferação de hostels ilegais no Porto. Assinalando nada ter contra este segmento "importante na oferta de alojamento", Rodrigo Pinto Barros apenas nota que, nesta como noutras áreas, o mercado ilegal traz problemas, como a falta de fiscalização e controlo das dormidas, a economia paralela e má imagem do sector, que "até tem estabelecimentos premiados internacionalmente". A Aphort está a trabalhar com o Governo em legislação que regulamente esta actividade.

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