Este palácio tem um lugar tal no país que ao longo dos anos se tem exibido em mais do que uma nota (dinheiro). Em 2000 enriqueceu a lista de excelência da UNESCO.
A Torre da Donzela é marca inquestionável de Baku e do país, mesmo que agora esteja separada do mar pela avenida principal, a tal Boulevard. “É uma das nossas marcas mais distintivas”, explica a minha nova amiga, que personifica a amabilidade de um povo afável e bem receptivo ao turismo.
Na verdade, ninguém sabe ao certo quando foi construída – presume-se que no século XII, mas outros defendem que a mesma poderá ter até 2500 anos – e também embeleza os manats (moeda local). Segundo a lenda, um rei apaixonou-se pela própria filha, desejando casar com a princesa. Até para manter a dinastia. Esta, verdadeiramente contrariada com os propósitos do pai, disse que realizaria o seu desejo após a construção de uma torre. Quando o projecto ficou concluído, a princesa, desgostosa, atirou-se ao mar, que na altura tocava a edificação. Há uma variante da história que acrescenta que, revoltado, o amante da princesa matou o rei. E que, afinal, as sereias salvaram a sua musa de se afogar, pelo que o casal se reencontrou e ficou junto. Como sempre, para a eternidade…
Diz-se que esta torre foi sempre intransponível durante as guerras. Que terá sido uma fortificação defensiva. Um observatório astronómico e até um templo zoroástrico. Certo é que agora alberga um museu e, no seu topo, tem vista admirável para a zona histórica, destacando-se os minaretes e os becos.
Deste ícone pode ver-se outro, a praça que ostenta a gigantesca bandeira nacional do Azerbaijão, supostamente a segunda maior do planeta, com 162 metros. O complexo inclui um museu com o seu nome.
É no interior das muralhas que se encontram os lugares mais aprazíveis para saborear o dolma e saj, os meus favoritos. Sim, comida. A experiência gastronómica deve deambular igualmente pelos paladares do plov, badimcan dolmasi, buglama, bozbash, bozartma, kebab, piti, gutab e piti. Mais do que explicar do que se trata, o melhor é mesmo provar, explorar a dengosa paleta de sensações que esta gastronomia nos provoca.
Museus e arte
Já se imaginou ver um livro (disse ver, não ler) apenas com recurso a lupa? Arte em dois milímetros. A mais pequena e exigente. Só podia ser japonesa. É dos meus favoritos este museu, privado, de livros em miniatura. Já ultrapassou os 7000 exemplares em quase todas as línguas, inclusivamente o português. As Obras Poéticas de Nicoláo Tolentino de Almeida datam de 1828 e foram impressas na Typographia Rollandiana, em Lisboa. Aqui encontramos talento de sobra dentro da própria arte. Situa-se na parte fortificada e não tem preço de ingresso. Pena que a funcionária mal arranhe o inglês. Sobra-lhe genuína vontade, mas…
O Museu de Arte Moderna foi iniciativa da primeira-dama e os seus projectos em parceria com o Louvre e Versalhes permitem-lhe o privilégio de aceder às melhores obras para exposições temporárias.
Já o museu nacional do Azerbaijão encerra literatura e cultura, em construção de 1850 que era um caravançarai na Rota da Seda. São 2500 metros quadrados que ostentam mais de 3000 peças entre manuscritos, ilustrações, livros raros, esculturas, retratos, miniaturas e memórias de poetas, entre outros.