Um vinho caro e raro, com um preço de retalho sugerido de 680€, um vinho especial que se inclui entre os recentes lançamentos de vinhos do Porto de luxo, vinhos raros e excepcionais que, apesar do lamento de alguns, que se queixam dos preços demasiado elevados, são propostos a preços perfeitamente condignos com a raridade e a qualidade excepcional da maioria destes novos lançamentos de vinhos muito antigos... que tanto têm ajudado na tentativa louvável de recuperar a imagem de prestígio e exclusividade que sempre deveria ter estado intimamente associada ao nome Vinho do Porto.
Curiosamente, e talvez inesperadamente, tendo em conta a grandiosidade e pompa da data a comemorar, o vinho escolhido para representar a efeméride recaiu num Kopke Colheita de 1940, que a casa já tinha comercializado anteriormente com o designativo Colheita e de que aparentemente ainda possui um número não negligenciável de pipas com as contas correntes devidamente oficializadas junto da tutela e que atestam e certificam a origem.
Para distinguir o vinho dos seus antecessores comerciais, e simultaneamente para afinar o estilo pretendido nesta edição especial, a equipa de enologia da Kopke seleccionou uma das pipas mais consideradas, onde o vinho esteve em repouso durante 73 anos, trasfegando o vinho para uma pipa de madeira ainda jovem, com pouco mais de sete anos de utilização, e consequentemente ainda pouco marcada e avinhada pelo Vinho do Porto. Rejuvenesceu-se desta forma o Colheita 1940 com um pouco de aguardente virgem, aguardente caseira propositadamente envelhecida para estas ocasiões, adensando o estilo truculento desta edição comemorativa, garantindo um perfil mais entroncado, assertivo e viril, renovando e reformando quase por completo o recorte inicial deste Colheita 1940.
Vale a pena procurar este vinho e reflectir um pouco sobre as razões e circunstâncias que contribuem para que o Vinho do Porto seja um dos melhores vinhos do mundo... sem que o reconhecimento comercial e a recompensa material se concretizem na produção.