O nome Assyrtiko diz-lhe alguma coisa? Parece-lhe grego? É mesmo. Mas sabe do que se trata? Vamos ao Google: “Principal casta branca da Grécia”, originária, acrescentamos nós, da ilha de Santorini, no mar Egeu. Dá vinhos secos muito cítricos e ácidos e está na base também do famoso “Vinsanto” grego, feito de uvas em passa.
Não vê o interesse deste assunto? A sua ignorância sobre o vinho grego deve ser a mesma da de um grego, búlgaro, alemão, italiano e até espanhol sobre o vinho português. A um estrangeiro, a casta Encruzado deve fazer o mesmo sentido que Misket (casta branca da Bulgária); Alfrocheiro deve ser tão impronunciável como Zweigelt (casta tinta da Áustria); e Tinto Cão, se for traduzido, deve deixar muita gente a questionar-se sobre que tipo de povo é o nosso. Se apresentarmos a Baga a um holandês, este deve perguntar: “Baga de quê? Se é baga deve ser de alguma coisa. Será de uva?»
Exagero. Da Touriga Nacional, a nossa grande casta, já toda a gente deve ter ouvido falar. Não pense nisso. Tirando uns enófilos e uns críticos de vinhos, Touriga Nacional é um buraco negro no mundo do vinho. Portugal em si mesmo é também um buraco negro.
Num artigo publicado no dia 22 de Janeiro de 2011 no Wall Street Journal, sugestivamente intitulado “O puzzle do vinho português”, o presidente de uma importadora de vinhos portugueses do estado de Nova Iorque conta um episódio que resume tudo: “O meu médico disse-me que queria visitar Portugal, mas que não tinha tempo para ir à América do Sul”.
Não se preocupe, senhor doutor. Os americanos não têm grande fama em geografia, mas se nos confundirem com o Brasil, ou se acharem que devemos ficar por ali, tudo jóia. A nossa língua é a nossa pátria, já dizia o poeta. Nós também não sabemos muito bem onde fica a América. Pelos filmes, deve ser perto do México.
Voltando ao vinho. Sabe qual é o vinho preferido de Cristiano Ronaldo? Ah!, o Cristiano Ronaldo já toda a gente conhece, mas o que ele bebe ninguém sabe. Nem nós, portugueses. Só deve beber água e sumos. Uma pena para o vinho português. Mas, senhor doutor americano, nem imagina o que se bebe na terra onde ele nasceu, a Madeira. Fique só com esta: o vinho com que o primeiro presidente americano, George Washington, brindou à celebração da Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, em 4 de Julho de 1776, foi um Madeira. Thomas Jefferson, outro dos pais fundadores dos EUA e grande conhecedor do vinho europeu, era também um devoto de Madeira, um vinho doce dos diabos, ácido como tudo o que nasce na Madeira (incluindo o homem que governou a ilha durante mais de 30 anos), rico, interminável e quase eterno. Como nasce meio oxidado, já não se estraga. Chega a durar séculos.
A Madeira é uma ilha perdida no meio do Atlântico que produz um dos grandes vinhos do mundo. Fale com um grego: ele vai falar-lhe em Santorini. Fale com um espanhol: ele vai falar-lhe em Tenerife: fale com um italiano: ele vai falar-lhe da Sicília. As ilhas sempre deram bom vinho. Além da Madeira, nós ainda temos as ilhas do Pico, Santa Maria, Graciosa e Terceira, no arquipélago dos Açores, onde os vinhos nascem da lava. Não é poesia, é mesmo assim. O bom vinho nasce da pedra.
Pedra, Pinot, Pinotage. Já vamos na África do Sul e continuamos perdidos no atlas do Vinho. Se fizermos um desvio chegamos à Geórgia e descobrimos que deve ter sido ali que a cultura do vinho começou. Surpreendido?
Sim, sim. E a Crimeia, faz-lhe lembrar o quê, uma guerra entre ucranianos e russos por um bocado do mar Negro e de orgulho? Pois, mas na Crimeia também se fazem espumantes, brancos secos e extraordinários vinhos fortificados tipo Madeira e vinho do Porto. Pergunte a um “crimeu” (neologismo acabado de criar) se já ouviu falar em vinho português? Com sorte, pode apanhar um doido pela bola, adepto do Shakhtar Donetsk, que deve lembrar-se de uma viagem ao Porto a acompanhar a sua equipa num jogo da “Champions” e da visita que fez às caves de Vila Nova de Gaia, onde envelhece o vinho do Porto, um vinho que, na verdade, nasce a mais de 100 quilómetros de distância mas que ganhou nome de “Porto” por vontade dos ingleses, apesar de no Porto só se produzir Vinho Verde. Confuso?
Experimente entrar no mundo do vinho do Porto. Quando olhar para o número de categorias e menções, vai achar que estes lusitanos são loucos, e são mesmo. Nem nós, portugueses, sabemos nada de vinho do Porto. Isso é coisa very british, basta ver os nomes : Tawny, Ruby, Vintage, Late Bottled Vintage. Não é uísque, é mesmo vinho do Porto, produzido no Douro há mais de 300 anos, bebido mundo fora por gente que nem faz ideia de onde o vinho vem.
Ri-se? Acha mesmo que quando Jimmy Hendrix se deixou fotografar a beber Mateus Rosé sabia que estava a beber um vinho português? Nessa altura, o Mateus vendia-se em quase todo mundo, era a nossa grande marca global. Tão global que foi perdendo a origem. Em 1971, numa cimeira da Organização de Unidade Africana, em Lagos, na Nigéria, que acabou a condenar Portugal pela tentativa de invasão da Guiné-Conakri, a bebida mais pedida ao jantar foi o portuguesíssimo Mateus Rosé!
A notícia chegou a Portugal pelo Financial Times, com o humor fino dos ingleses, esses finórios que sempre souberam o que é bom, embora não saibam fazer grande coisa, além de gostar de futebol, cerveja e vinho (it’s a joke, claro!) Gente simples que só se contenta com o melhor, como diria o Oscar Wilde e o Churchill seguia à risca. Este sim, sabia quase tudo sobre o bom vinho do Porto e Madeira. Chegou até a comprar pipas de algumas boas colheitas. Bebeu tudo, consta.
Os portugueses sempre foram bons nisso. Durante muito tempo bebiam tudo o que produziam. Fosse mau ou muito mau. Agora, consumimos menos e produzimos grandes vinhos. Até já aparecemos em primeiro lugar nas revistas internacionais. Portugal, the next big idea. Já andam a dizer isto há vinte anos. Um dia vai ser. “A glass of Rabigato, please?”. Rabo de gato? Mas não era uma tal de Sauvignon Blanc que cheirava a xixi de gato?
Quer mesmo ficar a saber alguma coisa sobre o vinho português? Continue a ler.
Vinho português: 11 noções básicas
1. Geografia
Apesar de ser banhado pelo oceano Atlântico, Portugal possui um clima e uma cultura mediterrânicas. Na parte continental, a temperatura média anual varia entre os 4ºC no interior norte montanhoso e os 18ºC no sul. Em contrapartida, nas ilhas atlânticas, tanto do arquipélago da Madeira como do arquipélago dos Açores, o clima tem características subtropicais, com temperaturas tipicamente primaveris. Sendo um país pequeno (92 072 km2), Portugal possui uma grande diversidade de paisagens (mais planas no sul, mais montanhosas no centro e no norte). Esta diversidade é também notória nos vinhos. Regiões separadas por escassos quilómetros produzem vinhos completamente diferentes. É aqui que reside a grande riqueza do vinho português.
2. Regiões
O mapa do vinho português estende-se a todo o território continental e aos arquipélagos da Madeira e dos Açores. São 14 as regiões demarcadas: Douro, Trás-os-Montes, Vinhos Verdes (situadas no norte do país), Távora-Varosa, Dão, Beira Interior, Bairrada (no centro), Lisboa, Tejo, Península de Setúbal, Alentejo, Algarve (no sul), Madeira e Açores (ilhas). Pela história, notoriedade, vendas e qualidade dos vinhos, as mais importantes são o Douro, Alentejo, Vinhos Verdes, Bairrada, Dão e Madeira. Para vinhos espumantes, as melhores são a Bairrada e Távora-Varosa. Algumas das regiões demarcadas incluem sub-regiões com história e vida próprias. Por exemplo, no caso de Lisboa, a mesma comissão vitivinícola gere as denominações de origem controlada de Colares, Bucelas e Carcavelos. Situadas em redor de Lisboa, são três pequeníssimas regiões que produzem vinhos singulares e emocionantes. Em Colares (Sintra), dos poucos hectares de vinhas existentes mesmo junto ao mar saem vinhos brancos e tintos secos, salinos e de grande acidez. Os brancos são feitos à base da casta Malvasia e os tintos da variedade Ramisco. Em Bucelas, a casta Arinto dá origem a alguns dos melhores vinhos brancos de Portugal. E em Carcavelos a tradição é de vinhos fortificados, tipo Porto e Madeira.
3. Produção
Os portugueses já foram os maiores consumidores de vinho do mundo. Hoje ocupam o terceiro lugar. A tradição vinícola é muito forte no país. Sabia que Portugal, apesar da sua reduzida dimensão, é o sétimo país do mundo com maior área de vinha? Tem cerca de 224 mil hectares. No entanto, vamos ver os dados de produção e o país já só aparece no 11º lugar, com uma produtividade média de cerca de cinco toneladas por hectare (ver texto na página 4). Falta de competitividade? Não, é mais uma questão de solo e clima. Não chove muito e os solos são muito pobres. É por essa razão que produzimos pouco vinho mas bom (grandes produções por hectare nunca foram amigas da qualidade). A vinha gosta de calor e precisa de sofrer, para obrigar as raízes a irem mais fundo na busca de nutrientes. Por outro lado, as exigências do solo e do clima obrigam também as videiras a auto-regular a sua produção; e essa auto-regulação é ainda maior nas vinhas velhas, que existem em bom número em Portugal.
4. Castas
Em Portugal existem plantadas cerca de 300 variedades de uvas para vinho. Cerca de 250 são exclusivas do país. Uma tão grande riqueza e diversidade só se encontram em Itália, Grécia e Espanha. Mas, se ponderarmos estes valores com o tamanho de cada um dos países, Portugal talvez detenha a maior diversidade de castas do mundo. Graças ao exemplar trabalho que tem sido feito na preservação e resgate de todas estas espécies, o país dispõe de um património único para enfrentar o futuro e ser cada vez mais relevante no panorama mundial dos vinhos. Enquanto países como a França optaram por um caminho unidirecional, preocupando-se mais em desenvolver videiras isentas de vírus, Portugal apostou na replicação natural de diferentes clones da mesma videira (plantação e replicação em campos experimentais, nada de manipulação genética), alargando dessa forma ainda mais a diversidade já existente. Hoje, já existem centenas de clones das nossas melhores castas, o que permite aumentar a complexidade dos vinhos de lote e fazer vinhos diferentes usando apenas a mesma variedade de uvas.
5. Touriga Nacional e Alvarinho
Para poder falar de vinho português não é necessário conhecer todas as castas. Basta fixar as melhores castas e associá-las às suas regiões naturais. Nas castas tintas, a mais famosa é a Touriga Nacional. Origina vinhos de aroma intenso (frutos silvestres e violeta) e sabor muito fresco e pronunciado. Casta bandeira do país, está hoje disseminada um pouco por todo o território nacional e até já começou a ser plantada noutros países. Mas o seu terroir natural, onde ficou conhecida e continua a atingir os melhores resultados, é nas regiões do Douro e do Dão, de onde será originária. Do seu cruzamento com a variedade Mourisco nasceu a Touriga Franca, a casta mais plantada e amada pelos viticultores do Douro. Na Bairrada, a variedade rainha é a Baga. Já no Alentejo, as melhores castas são o Alicante Bouschet, a Trincadeira e a Aragonez (que no Douro e no Dão leva o nome de Tinta Roriz).
Nas castas brancas, a variedade que mais se tem notabilizado dentro e fora de portas é a Alvarinho, de aroma muito cítrico e acidez elevada. Atinge a excelência nos concelhos de Monção e Melgaço, na região dos Vinhos Verdes (que coincide com a região do Minho, no noroeste do país). A sua origem é associada ao Minho e à Galiza, onde dá pelo nome de Albariño.
Já agora: não há vinhos verdes. Os vinhos da região dos Vinhos Verdes são igualmente tranquilos e maduros como os vinhos do Douro ou do Alentejo, por exemplo. Ganharam esse nome por serem mais ácidos e possuírem menos álcool. Por isso nunca pergunte: “É verde ou maduro?”.
Outras excelentes castas brancas são a Encruzado (Dão), Bical, Maria Gomes e Cercial (Bairrada), Rabigato, Viosinho e Gouveio (Douro), Loureiro e Avesso (Vinhos Verdes) e Arinto (Bucelas, Douro e Vinhos Verdes).
6. Taninos
Será que precisa de saber o que são taninos para poder falar de vinho português? Ajuda. Taninos são compostos naturais existentes na pele das uvas, nas grainhas e no engaço (a parte verde do cacho). Os taninos do vinho também podem vir das barricas de carvalho onde estagiam. Em regra, quanto mais grossa for a casca da uva maior é a quantidade de taninos. Em contacto com a saliva, os taninos provocam uma sensação de adstringência, tipo lixa, que varia de intensidade de acordo com o nível de maturação das uvas e o tipo de barrica utilizado. Juntamente com a acidez e o álcool, os taninos são um dos pilares do vinho tinto (nos brancos, os taninos são muito reduzidos). Se apanharmos as uvas verdes, os taninos são amargos e verdes. É isso que explica que alguns vinhos tintos da casta Vinhão, dos Vinhos Verdes, sejam tão difíceis de beber. Como a casta amadurece mal, os taninos são verdes e duros. Outra casta muito tânica é a Baga, da Bairrada. Os seus vinhos precisam de alguns anos de garrafa para amaciarem, ficarem mais equilibrados e mostrarem todo o seu potencial. Por terem muitos taninos e grande acidez, são dos vinhos que mais duram. Os taninos também nos ajudam a perceber por que razão os vinhos alentejanos e do Douro, por exemplo, são em regra mais fáceis de beber do que os vinhos da Bairrada. Podem até ser mais concentrados e musculados, mas, como as uvas amadurecem melhor, os taninos são mais macios e doces, não causando tanto desconforto na prova.
7. Estilos de vinhos
Os vinhos reflectem a sua origem. Os vinhos da região dos Vinhos Verdes, por exemplo, são muito influenciados pela proximidade do oceano Atlântico. Como chove bastante naquela zona do país, as uvas têm mais dificuldade em amadurecer, o que explica a sua elevada acidez e baixo teor alcoólico. Pelo contrário, no Douro, onde chove pouco e o Verão é muito quente, os vinhos são mais maduros, envolventes e concentrados. E também mais complexos, devido à diferença de altitudes e exposições existente (é a região com mais montanhas e vales apertados). Os vinhos do Dão são muitos frescos e delicados porque beneficiam do factor altitude e da influência das serras da Estrela e Caramulo. Os vinhos da Bairrada e de Lisboa também se distinguem pela sua frescura e elevada acidez dada a proximidade das duas regiões ao mar. Já os vinhos alentejanos, sobretudo os do interior, são muito influenciados pela orografia plana da região e pelo clima quente e seco, razão pela qual são mais maduros, macios e sápidos em novos.
8. Ilhas
Quando falarmos de vinho português nunca podemos esquecer os arquipélagos dos Açores e da Madeira. Nos Açores, em especial nas ilhas do Pico e Terceira, sobrevivem algumas das mais extraordinárias paisagens vitícolas de Portugal e do mundo. As vinhas de lava da ilha do Pico, por exemplo, estão classificadas como Património da Humanidade. O seu vinho, feito à base da casta Verdelho, já foi muito famoso em algumas cortes da Europa. Na Ilha Terceira, nas chamadas vinhas dos Biscoitos, a mesma casta origina vinhos com uma mineralidade e uma salinidade admiráveis. São vinhos de produção exígua mas que têm por trás uma viticultura heroica, uma vez que as videiras crescem num clima muito adverso e em terra de lava, como acontece na ilha da Madeira. Aqui, a orografia montanhosa torna a cultura da vinha ainda mais improvável. No entanto, é das suas encostas escarpadas e fajãs (pequenas línguas de terra situadas junto ao mar) que sai um dos grandes vinhos portugueses, o vinho Madeira.
9. Madeira e Moscatel
Embora sem a espessura histórica e a dimensão do vinho do Porto, o Moscatel e o Madeira são os outros dois grandes vinhos licorosos de Portugal. O Moscatel mais famoso é o de Setúbal, sobretudo o de Moscatel Roxo, mas também se produz bom Moscatel no Douro, na sub-região de Favaios. Ao contrário do Moscatel, que é mais conhecido e consumido em Portugal, o vinho Madeira é sobretudo conhecido e apreciado em países como a Inglaterra e os Estados Unidos. Uma pena, porque só os grandes vinhos do Porto conseguem rivalizar com os melhores Madeira. Os Madeira são fortificados com álcool vínico a 96% de volume e o que os distingue é a sua fantástica acidez natural e o facto de começarem por envelhecer nos pisos mais elevados e quentes das adegas. É sua soberba acidez e o facto de serem oxidados prematuramente que explica a longevidade dos vinhos Madeira, sem igual no mundo. Das castas autorizadas para o vinho Madeira, as melhores são a Sercial (dá vinhos muito secos e ácidos), Verdelho (meio secos), Boal (meio doces), Terrantez (meio secos e meios doces) e Malvasia (doces). Os bons Madeira têm sempre mais do que cinco anos de idade.
10. Vinho do Porto
As poucas vinhas que existem na cidade do Porto e nos arredores pertencem à região dos Vinhos Verdes. No entanto, a cidade tem o nome ligado ao mais famoso vinho português, o vinho do Porto, que envelhece na cidade vizinha de Vila Nova de Gaia e é produzido na região do Douro, a mais de 100 quilómetros de distância. A explicação para tamanha excentricidade reside no facto de, na sua origem, a única porta de saída do Douro vinhateiro ser o rio e a barra do Porto e de os primeiros comerciantes do vinho estarem instalados nesta cidade. O vinho começou a chamar-se Porto ainda antes do marquês de Pombal ter criado a região demarcada do Douro, em 1756.
Desde então e até à década de 80 do século passado, a região do Douro produziu quase exclusivamente vinho do Porto. Só a partir do final da década de 80 do século passado é que começou a apostar também em vinhos tintos e brancos tranquilos (vinhos secos), hoje os mais famosos e pontuados do país. Apesar do enorme sucesso dos vinhos tranquilos, o grande vinho do Douro continua a ser o vinho do Porto. O problema é entendê-lo, tantos são os seus estilos, categorias e menções.
Não queira saber tudo de uma vez. O importante é saber que o vinho do Porto é um vinho licoroso (doce) que resulta da paragem da fermentação através da adição de aguardente. Graças a este processo, os vinhos ficam com um teor alcoólico elevado, geralmente compreendido entre os 19 e os 22% vol. O modo de fabrico é igual para todo o vinho do Porto, mas os níveis de doçura, cor, aroma e sabor variam de acordo com as uvas utilizadas e o tipo de lotação e envelhecimento a que o vinho é sujeito.
São dois os principais estilos de vinhos do Porto: Ruby e Tawny. Na primeira categoria inserem-se os LBV e os Vintages, vinhos de qualidade superior cujo envelhecimento decorre sobretudo em garrafa. Os Tawny são vinhos que envelhecem em barricas e tonéis de madeira e que resultam da lotação de vinhos de diferentes anos. A excepção é o Tawny Colheita, que só incorpora vinhos do mesmo ano. Os grandes Tawny chegam a durar séculos.
11. Mateus Rosé e Barca Velha
O vinho português que mais se vende no mundo continua a ser o Mateus Rosé (cerca de 20 milhões de garrafas). O vinho é feito em Trás-os-Montes, Bairrada e Dão e distingue-se pela sua jovialidade e ligeira doçura. Tudo o contrário do vinho de maior prestígio do país, o tinto Barca Velha, proveniente da região do Douro. Em comum têm o facto de serem produzidos pela mesma empresa, a Sogrape. O primeiro Barca Velha remonta a 1952. Desde então, só 16 colheitas voltaram a dar origem a Barca Velha. O vinho só é feito em anos excepcionais e é guardado entre sete a dez anos em cave antes de sair para o mercado. O último a sair foi o 2004 (só foram cheias 26.068 garrafas). As poucas garrafas que ainda possam existir no mercado custam mais de 300 euros.