É a vinha do Assobio, de uma beleza e grandeza majestosas, uma vinha que forma um verdadeiro anfiteatro natural, quase teatral na imponência dramática da paisagem. Foi precisamente desta vinha que nasceu o primeiro vinho da Quinta dos Murças, um vinho tinto mais jovem e sem passagem por madeira, o primeiro a ter a enorme responsabilidade de exibir o nome Esporão no Douro. Nasceu na adega antiga da Quinta dos Murças, recuperada segundo a traça arquitectónica anterior, que ainda verá muitos acrescentos ao longo do tempo. Os lagares antigos tiveram de ser refeitos, adaptados às novas necessidades e aos novos tempos, agora que a sua ocupação fundamental passará a ser o vinho do Douro, apesar de o Esporão não perder de vista o vinho do Porto.
Para João Roquette e David Baverstock, o vinho do Porto é indissociável da Quinta dos Murças. Com a compra desta quinta, conseguiram segurar e engarrafar parte importante do stock de vinhos velhos da mesma, condição que explica a existência de um Quinta dos Murças Tawny 10 Anos. Um Vinho do Porto criado num estilo mais fresco e leve que o da indicação de idade 10 Anos, mais seca e tensa que o habitual na categoria. Claro que estando no Douro não poderia faltar um vinho mais ambicioso, o Quinta dos Murças Reserva capaz de dar o primeiro cheirinho do que a Quinta dos Murças poderá vir a anunciar.
Por ora são estes os vinhos da casa, mas não será muito difícil prever para um muito curto prazo a chegada de um vinho tinto mais especial, mais ambicioso no posicionamento e mais incisivo nas intenções qualitativas, um vinho que possa marcar a diferença face à região. Da planície à montanha, do Alentejo ao Douro, o percurso do Esporão parece assentar na mesma linha que já lhe assegurou o sucesso no passado, um projecto sólido, amadurecido, bem pensado e com objectivos quantificáveis.