Fugas - Vinhos

  • Erwin Olaf na Ruinart
    Erwin Olaf na Ruinart
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  • Erwin Olaf na Ruinart
    Erwin Olaf na Ruinart
  • Frederic Dufour, da Maison Ruinart, e Erwin Olaf
    Frederic Dufour, da Maison Ruinart, e Erwin Olaf
  • Erwin Olaf na Ruinart
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  • Erwin Olaf
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  • Vinho da maison
    Vinho da maison

Os segredos escondidos da Maison Ruinart

Por Pedro Garcias

Por trás de um grande champanhe não há apenas boas uvas. Na exclusiva e histórica Maison Ruinart, o segredo da sua luminosa efervescência esconde-se e forma-se em túneis e grutas monumentais, obra admirável da natureza e do génio humano.

Há muitas regiões vitícolas que têm a sua fama vinculada ao esplendor da paisagem, mas na região francesa de Champanhe o melhor esconde-se nas entranhas da terra, na escuridão e na humidade de túneis e grutas ondem repousam e envelhecem milhões de garrafas de vinho cheias de bolinhas.

Na exclusiva casa Ruinart, a mais antiga de todas (data de 1729), é preciso mergulhar até quase 40 metros de profundidade para chegar ao âmago do seu prestígio e da sua lenda. Um labirinto de túneis (8 quilómetros) desemboca quando menos se espera em monumentais grutas que vão afunilando em forma de pirâmide até à superfície.

É uma emocionante obra da natureza e de engenharia humana (está classificada como Património da Humanidade) cuja dimensão ainda não é totalmente conhecida. Com alguma regularidade, vão sendo descobertas novas grutas. Muitas delas serviram de abrigo durante os bombardeamentos alemães na Segunda Guerra Mundial, que destruíram quase por completo Reims, a principal cidade de Champanhe.  Hoje, acomodam alguns milhões de garrafas de champanhe ( o número certo é quase um segredo de estado), vinhos que precisam de anos para refinar e ganhar a sua efervescente frescura.

Nas Crayères, como chamam a estas grutas de giz, a temperatura ronda sempre os 11 graus centígrados e a humidade é quase de 90%. A água escorre das paredes frias, que escondem nos sítios mais inesperados testemunhos de gravadores de várias eras.

Foram estes vestígios e a profundidade e amplitude das grutas que mais impressionaram o premiado fotógrafo holandês Erwin Olaf quando visitou pela primeira vez a Ruinart. A cada ano, a Ruinart dá liberdade total a um artista para reinterpretar os valores desta casa, propriedade do grupo Louis Vuitton Moët Hennessy. A primeira colaboração artística começou em 1896, quando a então família Ruinart convidou o artista checo Alphonse Mucha a criar um cartaz publicitário, hoje um dos ícones do mundo do champanhe.

No ano passado, 120 anos depois de Mucha, Erwin Olaf decidiu ir às catacumbas da Ruinart resgatar a passagem do tempo e os vestígios deixados pelo homem. O resultado foi uma  fantástica série de fotografias e uma monumental exposição, inaugurada no passado dia 9 de Março no Carroussel do Louvre, em Paris. Esta exposição vai estar patente na ArcoLisboa, a primeira edição internacional da feira de arte contemporânea de Madrid, que decorrerá de 26 a 29 de Maio próximo na Fábrica Nacional de Cordoaria.

Erwin Olaf (Hilversum, 1959) é mais do que um fotógrafo, é um artista da fotografia, irreverente e provocador (agora menos). A sua obra está exposta em muitos museus e o seu nome está associado a algumas conhecidas campanhas publicitárias da Levi’s e da Heineken, por exemplo. Olaf gosta de trabalhar com cenários coloridos e imaculados, onde nada parece estar fora do sítio, mas para a Ruinart voltou ao preto e branco. “Tal como o champanhe, a fotografia precisa da escuridão para encontrar a luz”, resumiu.

Para este trabalho, Erwin Olaf recorreu à sua velha Hasselblad, conseguindo dar aos pretos e aos brancos capturados uma luminosidade e uma vida surpreendentes. Quando, no dia seguinte à exposição, o fotógrafo holandês fez uma visita guiadas às grutas da Ruinart e mostrou alguns dos alvos fotografados, o que encontrámos foram simples paredes rachadas ou gravações quase lívidas, sem nenhuma força.

Um rosto disforme parecido com as tradicionais máscaras transmontanas, por exemplo, resultou numa fotografia com uma carga dramática que nos remete para O Grito, de Edvard Munch. Um rendilhado de minúsculas fendas numa parede “transformou-se” numa teia orgânica. E até um desenho de Pasteur, o inventor de efervescência no vinho, ganhou uma outra dimensão e simbologia.

Com a sua lente e o seu engenho, Erwin Olaf conseguiu, como disse, “iluminar a arte contemporânea encontrada nas caves” da Ruinart, emulando o percurso do champanhe. Quando nasce, o champanhe é um vinho insípido e repulsivamente ácido. Mas (o bom champanhe) depois de passar pelas trevas ganha uma vida e um refinamento gloriosos.

Os melhores necessitam de vários anos de escuridão, como é o caso do Dom Ruinart, o topo de gama da Ruinart. Os blanc de blancs são feitos apenas com uvas Chardonnay provenientes das melhores vinhas. O Dom Ruinart Rosé leva 80% de Chardonnay e 20% de Pinot Noir. Uma garrafa de Dom Ruinart Rosé pode custar centenas de euros, dependendo da colheita, e, apesar do preço, tem em Portugal um dos seus melhores mercados.

Mas não é preciso gastar tanto para desfrutar da frescura, elegância e delicadeza dos champanhes Ruinart. Um “simples” Ruinart Blanc de Blancs, só de Chardonnay, a casta em que esta casa se especializou, pode inebriar-nos de flores, fruta agridoce, especiarias e minerais e, por um instante, tornar a nossa vida mais luminosa.

www.ruinart.com

A Fugas viajou a convite da Empor Spirits, distribuidor da Ruinart em Portugal

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