A Quinta do Vesúvio é não apenas uma das mais representativas quintas do Douro como um monumento ao engenho e tenacidade das gentes do Douro naquela que é uma das obras mais simbólicas e míticas de D. Antónia Ferreira, imortalizada popularmente como a Ferreirinha. Hoje a propriedade da quinta mantém-se em mãos de uma família do vinho, a família Symington, proprietários desde 1989 desta quinta tão emblemática.
Não deixa de ser curioso que através de uma feliz coincidência uma das quintas mais simbólicas do Douro, uma propriedade arrancada às vertentes selvagens do Douro por uma das famílias mais marcantes do Douro, os Ferreira, símbolo perfeito das virtudes e vicissitudes das empresas familiares na região, seja hoje uma das jóias da coroa de uma das famílias que melhor retrata os atributos familiares na paisagem do Douro, a família Symington.
Uma coincidência feliz e pouco comum na actualidade. Se no passado o universo do Vinho do Porto corria em redor de famílias e de empreitadas familiares, hoje o negócio mudou de cara ganhando uma dimensão mais internacional e impessoal, mais corporativa e concentradora, sinal inevitável da globalização económica que nos afasta inexoravelmente das origens, do lado humano da vida, da autenticidade de gostos, da paixão genuína que deveria comandar os destinos da sociedade.
Família Symington que congrega um conjunto alargado de marcas memoráveis, nomes tão ilustres na história do Vinho do Porto como a Graham’s, Dow’s, Warre’s, Cockburn’s e Quinta do Vesúvio, bem como uma participação muito minoritária mas graciosa na Madeira Wine Company dos vinhos da Madeira. Uma família que se afirma hoje como um dos raros produtores de Vinho do Porto que perpetua os negócios numa esfera familiar, que vive o vinho de forma intensa e apaixonada dedicando todas as suas energias, empenho e investimentos ao mundo do Vinho do Porto e do vinho do Douro.
Um ou dois minutos de conversa com qualquer um dos membros da família são tempo mais que suficiente para descobrir a paixão que segue na alma das várias gerações em actividade, a vivência intensa, o ardor e amor que correm nas veias de uma família que teima em manter-se irredutível no compromisso íntegro para com o Douro. Não será porventura a família mais antiga do negócio mas é seguramente uma das mais bem preparadas para o mundo complexo em que hoje vivemos e uma das mais empenhadas na consagração mundial do Vinho do Porto.
Hoje é a quarta geração que comanda os destinos da casa já em período de transição para a quinta geração, reunindo primos e irmãos com nomes tão ilustres e conhecidos como Paul Symington, Dominic, John, Charles ou Rupert Symington. Membros da família que se vão distribuindo e especializando em diferentes áreas do negócio familiar separando áreas geográficas sem atropelos, sem necessidade de protagonismo e sem divergências inteligíveis.
Apesar do evidente vínculo inglês, os Symington serão possivelmente a mais portuguesa de todas as famílias de ascendência britânica. Pelo sangue, já que a bisavó da actual quarta geração era portuguesa, tal como o são a mãe de Charles ou a avó de Paul Symington, mas também pelo sangue derramado por Portugal, por ao longo da história terem combatido na defesa de Portugal, integrados no exército português.
Mas também pelo apego ao Douro e à sua vida, às vinhas e às quintas que foram comprando numa lógica de investimento institucional e pessoal. E talvez o melhor testemunho advenha mesmo dos investimentos que cada um dos membros da família realiza no Douro. A família no seu conjunto é hoje um dos maiores proprietários de terra na zona, senhores de mais de 1.700 hectares divididos entre mais de vinte e duas quintas, numa região onde a propriedade média se confina pelo meio hectare.
O que poucos saberão é que mais de um terço destas quintas é propriedade particular de vários membros da família, dinheiro próprio investido no Douro e não em outros negócios eventualmente mais seguros. De forma simplista isso representa que todo o capital privado, de todos os membros da família, para além do capital social da empresa, acaba reinvestido no Douro, na vinha, numa prova irrefutável de crença no futuro do Douro e do Vinho do Porto, numa garantia de continuidade.
Entre as muitas propriedades da família, o Vesúvio destaca-se como uma das quintas estrela do Douro. É a jóia da coroa da família Symington, uma das grandes salas de visita do Douro Superior. É também uma das quintas melhor situadas, num local de excelência para o nascimento de grandes Vintage. Quando a família comprou o Vesúvio não tinha ainda em mente vir a fazer um Vintage de quinta com edições regulares. O objectivo original era encontrar uma quinta capaz de fornecer uvas de primeira qualidade para os Vintage das várias casas de que são proprietários. À época a família ultimava a conversão de simples exportadores de Gaia, de negociants, para produtores independentes, produtores capazes de fechar o ciclo total desde a produção da uva até ao vinho final. A oportunidade de comprar a Quinta do Vesúvio surgiu no momento certo. Quando descobriram o terroir tão particular do Vesúvio que imprime um carácter poderoso aos vinhos da casa perceberam que merecia um engarrafamento separado, um sentimento de autonomia que o separasse das restantes marcas do grupo.
Vinhos tão especiais que o seu futuro e independência como referências autónomas estão salvaguardadas para as gerações futuras.