Fugas - Vinhos

  • Paulo Ricca
  • DR

Já há um Reserva Rosé das vinhas do Douro

Por José Augusto Moreira

Os rosés da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo são para a mesa e para beber ao longo de todo o ano. A colheita de 2015 proporcionou vinhos ricos e equilibrados como bem mostram os novos brancos.

Para lá dos rótulos e da garrafa, que claramente os colocam num segmento de prestígio, os vinhos rosé da Quinta Nova representam também um passo em frente no estilo e no posicionamento do produtor. Tal como tinha acontecido já em relação aos tintos e brancos de topo, que mostram um caminho de elegância, frescura e longevidade, também os novos rosé estão muito para além do estilo de vinhos de moda, leves, de coloração ligeira e álcool contido.

Ao brilho da cor rosada, os rosés da Quinta Nova juntam estrutura, volume de boca e os aromas e sabores de frutos vermelhos que lhes emprestam as castas tintas e que os tornam vinhos de corpo inteiro. Frescos e elegantes, mas também intensos, estruturados e com notas adocicadas do volume de álcool que lhes corresponde. Ou seja, vinhos que são para a mesa e para se consumirem ao longo de todo o ano.

“Os nossos rosés são vinhos sérios e iniciamos um novo estilo”, assegura Luísa Amorim, destacando a novidade do Reserva Rosé, o primeiro a ser engarrafado no Douro. “Ao contrário dos que insistem em afirmar que o rosé não é vinho, estes são vinhos muito sérios e para guardarmos na memória”, insiste a administradora da Quinta Nova, deixando a promessa de que este é um caminho que terá continuidade, independentemente das características de cada colheita.

Sendo um ano atípico no Douro em termos climatéricos, 2015 acabou por ser benéfico para a colheita ao proporcionar vinhos equilibrados e elegantes. Com frio e pouca chuva no Inverno e a secura a prolongar-se pela Primavera e Verão, as habituais doenças e pragas da vinha não tiveram praticamente qualquer expressão.

Às uvas sãs e à boa produtividade, o stress provocado pelo calor e falta de água juntou também um raro equilíbrio. Pouca polpa para a película existente nas uvas a proporcionar vinhos intensos de cor e aroma e ricos em estrutura. Os rosés associam Tinta Roriz, Touriga Franca e Tinta Francisca com estas características.

Quanto aos novos brancos, com boa parte das uvas provenientes de produtores de zonas mais altas, a última colheita proporcionou também vinhos de maturação equilibrada e condições ideais para a plena expressão das características de cada casta.

“Estávamos a precisar de um ano assim”, regozija-se Jorge Alves. O homem que comanda a enologia da casa frisa que foi uma colheita em que “tudo está em equilíbrio, há uma elegância rara e os vinhos apontam para uma grande longevidade”. Nos tintos, que estão ainda no embalo das barricas, as expectativas são deveras prometedoras.

No caminho de elegância e frescura que procura para os vinhos de topo da Quinta Nova, o enólogo explica que é importante resolver na vinha alguns problemas de sobrematuração e cor que decorrem do clima duriense. “Há que ter um cuidado extremo na vindima, de forma a evitar as maturações rápidas e vinhos a cheirar a Porto”, explica.

Optou também pela vinificação em pequenos lotes, de forma a extrair todo o potencial das castas e das características de cada parcela. Em madeira, de preferência usada, que integra melhor e de forma mais rápida a acidez. O melhor exemplo são os resultados obtidos com os lotes de Tinta Roriz, como bem mostra já o extraordinário vinho da colheita de 2013.

Outra das preocupações está centrada na procura de acidez e frescura nas uvas, com isso evitando as intervenções com ácido tartárico. São essas as qualidades típicas da casta Sousão, mas com a contrapartida de uma indesejável concentração e cor. A solução pode estar na técnica de sangria de Sousão, que Jorge Alves tem vindo a experimentar com os resultados pretendidos.

Estilo provençal e preços a condizer

Apesar de terem sido lançados apenas no início do Verão, é provável que não seja já muito fácil encontrar os novos Rosé nas prateleiras. Mesmo com um preço que é elevado para os nossos padrões tradicionais (à volta de 11€ para o Colheita e 16€ para o Reserva), a quase totalidade das 1600 garrafas de cada lote foi rapidamente alocada pelos distribuidores algarvios. A pensar certamente nos turistas estrangeiros e no sucesso dos rosés provençais, bem mais caros e de enorme sucesso não só em França como em todo o mundo.

É da Provença que vem a inspiração, não só pelas garrafas e rótulos de prestígio, mas sobretudo pela cor salmonada, elegância e estrutura. 

Depois de uma experiência anterior com base em Touriga Nacional (o 3 Pomares Rosé), a ideia foi fugir do impacto floral da casta, procurando a expressão mais elegante e contida de velhas castas do Douro. A Tinta Roriz, que casa com a Touriga Franca, no Colheita, e com a Tinta Francisca, no Reserva, combinando estrutura e aromas, com elegância e robustez.

Ambos os lotes prescindem da fermentação maloláctica, e enquanto o Colheita passa pelo inox (quatro meses) e termina com estágio de três meses em barricas, o Reserva estagia seis meses em barricas de segundo ano.

--%>