O projecto surgiu em 2009 e tem crescido desde que nasceu, ao contrário do que é normal na exportação. Em vez de representantes locais, a Lusovini percebeu “que primeiro” tinha de “criar bases”. Foi assim que constituíram empresas em Angola, Brasil e Moçambique, explica Casimiro Gomes, acrescentando que são agora já mais de vinte os outros mercados de exportação, com destaque para o Norte da Europa, mas também EUA, Canadá e China.
Tudo a partir do Dão, com centro de actividade nas remodeladas instalações da antiga Cooperativa de Nelas, que foram adquiridas em 2012, em processo de falência. A aposta na região passa pelo potencial de envelhecimento dos seus vinhos e, por isso, é ponto estratégico que seja comercializado apenas um terço de cada colheita, ficando os restantes dois terços em processo de envelhecimento.
Casimiro Gomes, que foi um dos fundadores do projecto Dão Sul, do qual depois se desvinculou, acredita que “o vinho é uma actividade de longo prazo e não um negócio para economistas”. Daí que os fundadores da Lusovini tenham traçado uma estratégia a dez anos, período durante o qual todos os recursos gerados são reinvestidos.
Com a recuperação e renovação das instalações de Nelas, o potencial é enorme. Funcionam já programas de enoturismo, com visitas, um restaurante e loja de vinhos, a capacidade de vinificação supera os seis milhões de litros e os dois andares de cubas de cimento permitem armazenar mais de oito milhões de litros.
O tempo joga a favor, tal como com os novos vinhos de topo que foram apresentados durante o Wine Tour: os Varanda da Serra DOC Dão Branco 2014 e Tinto 2013. Vinhos com origem em vinhas velhas e cuidado enológico da perspicaz Sónia Martins e com o propósito declarado de recriar os grandes vinhos de guarda do Dão a partir da viticultura e enologia actuais. Vinhos com um potencial de décadas de crescimento, por isso engarrafados apenas em magnum e com edições limitadas a três mil garrafas.