Fugas - Vinhos

  • Paulo Ricca

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Quatro magníficos vintages num ano que, por mistério, não é clássico

Entre os quatro vintage de 2015 com a chancela da família Symington, é difícil apontar eleitos, mas é possível detectar diferentes caracteres identitários que denunciam as suas origens e o respeito pelo estilo de cada uma das marcas. O Stone Terraces (98 pontos/170€), feito a partir de vinhas velhas de três parcelas da Quinta dos Malvedos, volta a ser um prodígio no aroma intenso e complexo e uma maravilha de elegância na boca. É um vintage feminino, delicado, polido, com uma estrutura harmoniosa e uma vivacidade que proporcionam um final de boca inesquecível. Tal como aconteceu em 2011, o Cockburn’s (97 pontos/65€) volta a impressionar. O seu estilo tem por base um equilíbrio delicioso entre a finesse e a garra. Aromas intensos de fruta madura, flores, notas de iodo, é um vintage impactante e guloso, com um final longo e vivo.

Conhecida por ser berço de magníficos “single quinta” (e base para os grandes Dow’s), a Quinta da Nossa Senhora da Ribeira (97 pontos/60 euros) sai muito bem na fotografia de 2015. Mais contido, mas não menos sofisticado, no aroma, com nuances vegetais e notas de frutas silvestres, este vintage é absolutamente imponente. A sua estrutura, o volume, a sua dimensão tânica garantem um impacte na boca intenso mas simultaneamente solene e complexo. A sua frescura final é deliciosa e longa. Produziram-se apenas 8400 garrafas, das quais 1200 estão destinadas ao mercado nacional. Finalmente, o Quinta do Vesúvio (96 pontos/65 euros), é outra boa surpresa principalmente por sublinhar a tendência desta marca para reforçar a dimensão de acidez e frescura dos seus vintages. Aromas florais, notas de chá, menta discreta, fruta madura, é uma delícia no nariz. Na boca é um primor de afinação e de classe (11400 garrafas produzidas, 1620 ficam em Portugal).

Com vinhos assim, o difícil é escolher. Poderosos para crescer no futuro, mas com uma macieza tânica que hoje os torna apreciáveis por dar expressão ao fulgor da sua fruta jovem, as propostas dos Symington para 2015 são boas de mais para se diluírem no conceito tradicional do ano menos bom. São grandes vinhos e se não foram considerados clássicos, a falha seguramente não está na sua qualidade.

 

 

 

 

 

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