Fugas - motores

Miriam Lago

Suzuki Swift 1.2L VVT GLX: O pequenino está mais crescido

Por Luís Francisco

Passaram cinco anos desde que o Suzuki Swift arrebatou as almas mais frenéticas. Agora, a nova geração deste modelo de sucesso está mais crescida, e não só por fora. O pequeno irrequieto está também mais ajuizado.

Quando surgiu no mercado, o Suzuki Swift apresentava-se claramente como uma proposta desportiva, irreverente e divertida. Um carrinho para a malta nova que piscava o olho ao público feminino pelo seu visual "fofinho" e seduzia os rapazes com insinuações de alta performance. Na verdade, cumpria quase tudo o que prometia, mas a lentidão da caixa de velocidades estragava a pintura. Cinco anos depois, a primeira conclusão a tirar é que este problema foi claramente resolvido.

A evolução ao nível da caixa de velocidades simboliza bem a melhoria de qualidade global desta geração do Swift em relação à anterior. Materiais menos agressivos no interior, soluções mecânicas mais desenvolvidas, qualidade de construção acima da média, maior habitabilidade. O cenário melhorou muito e deve ainda acrescentar-se que tudo isto se fez com ganhos claros em termos de emissões e consumos, sem carregar no preço final. São detalhes que ganham cada vez mais relevância para o consumidor no momento de decidir.

Mas (costuma haver sempre um "mas"...) este crescimento também tem um lado menos positivo. Digamos que, nesta passagem da adolescência para a idade de jovem adulto, o Swift perdeu alguma graça. Continua a ser um carro interessante para se conduzir, mas uma parte da diversão foi-se com a preocupação de o colocar numa plataforma etária superior.

E o melhor exemplo disto é o motor, cuja potência (94cv para 1242cc) é notável, mas tem um binário baixo. Quer isto dizer que o Swift pode andar depressa, mas não é particularmente rápido a chegar lá (12,3s dos 0 aos 100 km/h, quanto antes era de 11,0s). Junte-se a isto uma suspensão um bocadinho dura mas claramente preocupada em manter os passageiros confortáveis e os condutores mais exigentes começam a ter saudades do modelo anterior. Mesmo com a melhoria da caixa.

Onde é que isto nos leva? À constatação de que, hoje, o Swift já não é o carro perfeito para a juventude irrequieta e aponta claramente para fatias de mercado mais substanciais. Os níveis de equipamento que oferece nas versões mais completas põem-no na luta com os pequenos familiares de referência: VW Polo, Renault Clio, Peugeot 207 ou Ford Fiesta.

Com um trunfo poderoso: os preços. A gama começa a 11.950 euros, bem abaixo da concorrência (Fiesta, 14.800; 207, 13.500; Polo, 13.152; Clio, 14.450), e termina aquém da barreira dos 17.000 (16.800 euros), quando todos os outros continuam por ali fora até para lá dos 20.000. Reflexo, também, da menor diversidade da oferta do construtor asiático: para lá do motor 1.2, a gasolina, apenas está prevista a chegada de um diesel de 75cv.

Com tudo isto em mente, depressa se percebe que o novo Swift é um carro muito mais "redondinho" do que o seu antecessor. Pode faltar aqui ou ali uma chispa de entusiasmo, mas também não se detectam falhas clamorosas. Perdeu uma pontinha de personalidade nesta tentativa de se misturar com a multidão, embora continue a ressaltar do visual a irreverência que foi a sua imagem de marca desde o início.

O posto de condução é muito agradável e mais alto do que se poderia esperar, possibilitando uma boa visibilidade sobre o tráfego citadino, em que o Swift se move bem, apesar de algumas limitações de manobrabilidade. A direcção mostra-se competente e até bastante comunicativa a velocidades mais baixas, mas em auto-estrada perde qualidades. A suspensão consegue um bom compromisso entre desempenho e conforto, mas acusa com estrondo (literalmente) a degradação dos pisos, tornando-se seca e ruidosa. Finalmente, os travões mostram serviço, embora não convençam totalmente.

O carro está repleto de espaços para arrumos, os materiais não envergonham e os lugares da frente são bastante espaçosos. Atrás... bom, depende. As versões de cinco portas são homologadas para cinco passageiros e as de três apenas para quatro. Um pormenor pouco substantivo, porque, se é verdade que o espaço para os joelhos é francamente agradável, sentar três adultos em largura não é coisa que se recomende. A bagageira, claro, é limitada, mas não envergonha.

Resta reforçar a noção de que os consumos (num teste de mais de 350 km, alguns dos quais em pára-arranca, e sem qualquer preocupação de poupança, gastaram-se 6,4 litros aos 100 km) e as emissões são muito interessantes. E registar o irritante hábito das portas de ficarem mal fechadas a não ser que se batam com bastante força...

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