O ambiente a bordo é agradável, graças aos materiais de bom nível e aos acabamentos sem falhas; o nível de equipamento não envergonha; a sensação geral de conforto não sofre em excesso com a susceptibilidade da suspensão a maus pisos, até porque os bancos são agradáveis. Parece a descrição de um pequeno carro de família. E até pode ser, desde que ninguém pense em transportar três adultos atrás...
Para quem se senta ao volante, é bom contar com um ecrã táctil de manuseamento intuitivo e um quadro de instrumentos legível e ergonómico. Mas as limitações de visibilidade são grandes a 3/4, tanto para a frente como para trás, por causa do desenho dos pilares. E é também a estética que obriga a que se só se possam abrir os vidros traseiros até dois terços da janela.
Com preços que alinham por cima com os da concorrência, a Peugeot corre o risco de, num tempo em que cada cêntimo conta, assustar alguns potenciais compradores. Mas vale a pensa assinalar que os consumos são baixos. E que o equipamento opcional sai muito em conta.
BARÓMETRO
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Visual exterior, qualidade geral, conforto, instrumentação, motor económico, espaço e ergonomia
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Embraiagem lenta, espaço em largura atrás, posição de condução duvidosa, visibilidade, preço
ZOOM
Habituação
É mesmo uma questão de hábito, mas quem não gosta dificilmente estará pelos ajustes. Se pertence ao grupo dos que gostam de conduzir com os braços esticados e não mede 1,90m, a disposição do volante e da coluna de direcção neste carro nunca será a ideal. Estranha-se e não se entranha. O volante, em particular, é pequeno e ligeiramente cortado, para não chocar com os joelhos. Colocado na sua posição mais alta, tapa metade do painel de mostradores. Ficam muitas dúvidas sobre esta opção de design, alegadamente escudada em critérios de segurança (painel de instrumentos colocado mais alto, menor desvio dos olhos da estrada).
Chata
Talvez falte uma sexta velocidade, talvez as preocupações de economia tenham levado a melhor. A verdade é que a caixa de velocidades do 208 é um bocadinho a dar para o chato... Mostra-se lenta (por causa da embraiagem) e essa fraqueza, aliada à falta de pujança do motor a baixa rotação, mata à nascença quaisquer pretensões de fazer uma condução mais agressiva. Ganha-se nos consumos, claro, mas um carro com este visual exterior e claramente apontado a um público jovem só teria a ganhar com um carácter mais vivaço.
Poupança
No fundo da bagageira está o compartimento destinado a albergar o pneu suplente. Mas não há quinta roda a bordo. Em vez disso, o inefável kit de reparação de furos, promessa de grandes aborrecimentos em caso de rasgão ou rebentamento... Durante algum tempo, as marcas ainda tentaram argumentar sobre a bondade da opção por não colocar pneu suplente nos seus modelos. Mas a verdade é tão óbvia que já não merece contestação: isto é uma forma de reduzir nas despesas. À custa do consumidor, claro, que até pode ter pneu suplente, desde que o pague à parte.
Limitado
O bom acesso na versão de cinco portas, graças ao amplo ângulo de abertura das portas e ao desenho das molduras, é o primeiro sinal positivo quando analisamos a habitabilidade dos lugares traseiros. O espaço para os joelhos cresceu em relação ao 207, o que se saúda, e não há problemas especiais com a altura disponível. Mas a largura continua a ser deficitária se pensarmos em sentar três pessoas atrás. Duas, por outro lado, viajarão bastante confortáveis, em assentos envolventes e de bom toque.