Fugas - motores

Mais encanto na hora da despedida

Por Aníbal Rodrigues

Em final de carreira, a Opel lançou o Corsa mais potente de sempre. Podia ter muitos pretendentes, se não fosse tão caro.
Há muito que a actual geração do Opel Corsa clama por rendição face a uma concorrência claramente mais moderna. Ford Fiesta, Peugeot 208, Renault Clio (o actual e o que há-de vir) ou VW Polo são apenas alguns exemplos de carros que superam o Corsa em termos de modernidade. Neste quadro, faz sentido colocar a cereja em cima do bolo quando um automóvel se encontra em fim de vida? A Opel acha que sim e existe pelo menos uma justificação lógica: a actual geração do utilitário alemão atingiu o seu auge de desenvolvimento.

O Corsa foi então submetido à "dopagem" do Opel Performance Center (OPC), departamento da marca alemã que já provou sobejamente a sua competência. Esse trabalho dos técnicos do OPC ainda foi aprimorado nesta versão Nürburgring Edition, uma homenagem ao celebérrimo circuito alemão onde os desportivos Opel mais afoitos costumam ser testados. Com 210cv de potência, bancos dianteiros Recaro tipo bacquet, amortecedores dos especialistas da Bilstein e travões Brembo, para além de um diferencial autoblocante mecânico, este Corsa está, à partida, bem apetrechado.

Os efeitos das alterações mecânicas sentem-se bastante depressa em estrada. Desde logo com acelerações vigorosas e um motor que o torna efectivamente veloz e capaz de atingir velocidades máximas inconfessáveis. Foi uma agradável experiência sentir a pujança deste motor, depois de, há algum tempo, termos ficado desiludidos ao conduzir a versão de 180cv deste mesmo 1.6 Turbo, no Astra. Um carro que gasta muito e anda pouco. No Corsa OPC o cenário é diferente. È verdade que também pode emborcar entre 17 a 20 litros em condução desportiva, mas, em contrapartida, proporcionada momentos de condução gratificantes. Já em ritmo pacato, o consumo médio pode baixar até à casa dos 8 litros.

Este Nürburgring Edition não é só bom em auto-estrada ou em estradas que exijam menos empenho do condutor. Dêem-lhe umas curvas lentas e fechadas e ele sente-se como peixe na água. Quase não alarga as trajectórias e sai com garbo das curvas. Os travões demonstraram eficácia e a suspensão, apesar de dura, como seria expectável, não provoca desconforto. Tivemos a oportunidade de conduzir o Corsa OPC com pneus gastos e com pneus novos. E a conclusão que tiramos é a de que, se os pneus são importantes em qualquer automóvel, num desportivo são ainda mais determinantes e capazes de transfigurar (para melhor) o comportamento de uma viatura.

Os pneus como que quiseram ser protagonistas neste teste e um deles "decidiu" furar. Tentámos solucionar o problema com o "kit" anti-furo, de série neste Corsa, mas, apesar de o buraco na borracha ser de pequenas dimensões, o dispositivo revelou-se ineficaz. Ou seja, mais uma vez comprovou-se que estes sistemas são uma das piores invenções da história do automóvel, independentemente da marca que os utilize (está longe de ser um problema exclusivo da Opel). Por isso, nunca é demais relembrar que o melhor é pedir ao vendedor para trocar o malfadado kit pela boa e velha roda suplente.

--%>