Fugas - vinhos

E você, tem nariz para master of wine?

Por Manuel Carvalho

Portugal, apesar dos pergaminhos, não tem nenhum "master of wine", um prestigiado diploma para sábios do vinho que, anualmente, apenas uma média de oito candidatos consegue obter. Para ajudar a colmatar essa lacuna foi criada uma bolsa no valor de 14 mil euros.

Já ouviu falar de David Molyneux-Berry? Pois é um egípcio com o diploma "master of wine". E Lisa Perrotti-Brown? É uma cidadã de Singapura que também integra o restrito grupo de 299 membros de 23 países que obtiveram o difícil e prestigiado título de "master of wine".

Se por acaso quiser o nome ou os nomes dos que em Portugal obtiveram essa espécie de doutoramento associado ao vinho, esqueça. Portugal é um dos mais antigos países produtores de vinho do mundo, com marcas internacionais como o vinho do Porto, foi o primeiro a criar a primeira denominação de origem protegida no sentido moderno do termo, mas não tem um único master of wine.

Uma falha que a Symington Family Estates, em parceria com a Revista de Vinhos, quer agora colmatar com a criação de uma bolsa de 14 mil euros. "É nossa esperança que esta ajuda possibilite que um dos muitos talentosos profissionais de vinho que existem em Portugal alcance este tão respeitado título", explica Paul Symington.

Por mais de uma vez houve portugueses interessados em integrar essa elite que ocupa posições influentes nas empresas comerciais, nas leiloeiras de prestígio ou se assumem como jornalistas com audiência à escala planetária. Mas nenhum foi capaz de sobreviver aos testes. Depois de aulas presenciais, de visitas a regiões vitícolas e de seminários realizados ao longo de dois anos, os candidatos ao título têm de passar por um exame final. O exame implica um teste teórico dividido em quatro momentos de três horas cada um, onde os candidatos têm de responder a perguntas relacionadas com a viticultura, a enologia ou os mercados mundiais do sector, 12 provas cegas nas quais têm de distinguir, por exemplo, um Chenin Blanc da França, da Califórnia e da África do Sul, e uma dissertação final de 12 palavras. Em média, só oito candidatos por ano têm sido capazes de passar.

Criado em 1953 para preparar os negociantes de vinho para as suas funções, o Instituto Masters of Wine foi acumulando capital de prestígio e abriu-se a outras profissões. Jancis Robinson, a influente crítica do Financial Times, foi a primeira profissional fora dos círculos do comércio a obter o título, em 1984. Em 1988, o diploma foi entregue pela primeira vez a um profissional não britânico - ao australiano Michael Hill Smith. Hoje, a rede de masters tem entre os seus membros nomes prestigiados como Michael Broadbent ou Serena Stucliffe.

Para escolher o candidato a master, a Symington Family Estates disponibiliza a bolsa e promove um seminário com os interessados, que terá lugar em Gaia nos dias 11 e 12 de Junho. O prazo de candidatura acaba a 15 de Agosto, o eleito será conhecido em Outubro, o curso arranca em Novembro e o primeiro seminário em Londres incia-se em Janeiro de 2013. Os candidatos terão de ter uma experiência mínima de cinco anos, qualificações académicas reconhecidas (licenciatura em agronomia ou enologia, por exemplo) e competências especiais teóricas e práticas.

Mais informações no site da Symington Family Estates

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