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No Palácio de Queluz, Portugal e Brasil encontram-se no quarto de D. Pedro IV

Por Cláudia Carvalho

Exposição dedicada ao rei de Portugal e imperador do Brasil é estratégia para atrair mais visitas para o monumento.

No que ano em que se comemora o 180.º aniversário da morte de D. Pedro IV, o Palácio de Queluz foca-se no quarto do rei de Portugal e primeiro imperador do Brasil para contar a história que une estes dois países. O quarto está praticamente igual ao que estava, mas agora abriga uma exposição de 48 peças, entre as quais 15 objectos pessoais do monarca que nasceu e morreu aqui.

É mais uma aposta da Parques de Sintra Monte da Lua para atrair um maior número de visitantes ao Palácio de Queluz, apontando também para o público brasileiro, que reconhece parte da sua história em D. Pedro IV, directamente ligado à independência do Brasil e à consolidação do liberalismo em Portugal. “Sentimos a necessidade de chamar mais visitantes brasileiros, visto que estes representam já 10% do nosso público”, diz a directora do palácio, Inês Ferro, explicando que tem notado o crescente interesse desses visitantes por “esta história comum”. “Os brasileiros vêm muito ver o Quarto de D. Quixote e emocionam-se muito, foi aqui que nasceu e morreu esta figura tão carismática”, conta.

O quarto é o de D. Pedro d’Alcântara de Bragança, mas deve o seu nome a D. Quixote por existirem nele 18 pinturas decorativas, representativas de episódios da história do cavaleiro de La Mancha. Desde a semana passada que é possível descobri-lo ao detalhe, com a ajuda de um tablet que disponibiliza uma imagem 360º da sala, com pontos de interesse que permitem o acesso a informação mais detalhada sobre o património exposto. Paralelamente, está acessível no local um computador com o site criado pelo museu propositadamente para este projecto. Nele podemos ler toda a biografia de D. Pedro IV, ilustrada com imagens e documentos de época, a sua genealogia ascendente e descendente, e uma selecção de 12 dos seus retratos mais emblemáticos, correspondentes a factos e períodos marcantes da sua vida.

Novidade são também alguns dos objectos expostos, na sua maioria emprestados por outras instituições – Palácio da Ajuda, Museu Nacional dos Coches, Museu Nacional de Arte Antiga. São 48 peças, incluindo pinturas e miniaturas, peças de mobiliário e objectos pessoais de D. Pedro IV. Inês Ferro destaca a sua escrivaninha de viagem, que foi alvo de restauro para esta pequena exposição.

“Existe um óptimo entendimento entre os colegas directores e museólogos e há protocolos assinados”, diz, explicando que estas peças estão em Queluz por seis meses, renováveis em alguns casos. “É muito saudável que isto se faça porque permite que as peças possam circular, só assim há uma renovação de visões e de contextos”, acrescenta.

Um problema em muitas frentes
A revalorização do quarto de D. Pedro IV poderá ser o primeiro de outros projectos museológicos no Palácio, diz António Lamas, presidente da Parques de Sintra. “Precisamos de chamar a atenção para a importância deste palácio através de todos os meios possíveis; é preciso lembrar que aqui viveram personagens de grande calibre”, afirma ao PÚBLICO, admitindo, no entanto, que o monumento “está um pouco degradado no exterior, nas fachadas, nos jardins”.

Essa é, diz, uma das razões por que é difícil chamar pessoas. “O exterior é bastante decadente, as obras que vamos iniciar agora são indispensáveis”, explica Lamas, que define Queluz como a prioridade actual da Parques de Sintra, à frente de outros monumentos na sua alçada: “O Palácio da Pena teve no ano passado quase 800 mil visitantes e este teve 150 mil. Mas a verdade é que o Palácio de Queluz tem tudo, está a dez minutos de Lisboa, tem estacionamento, as pessoas todas passam à porta para ir para Sintra. Queluz é um problema a atacar em muitas frentes.”

Para António Lamas, há ainda um longo trabalho a fazer. “E eu acho que é através de novidades que as pessoas vêm aos sítios. Dizer 'Venha a Queluz, que é um palácio barroco muito interessante do século XVIII' já não chega”, defende o presidente da Parques de Sintra. “É preciso habilidosamente encontrar motivos para chamar pessoas e isso faz-se através da recuperação do património. Uma obra acabada integral permite divulgar e depois é rendimento. É o que queremos para Queluz.”

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