Fugas - Vinhos

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O vinho e a natureza chamam-nos a Ponte da Barca

Por José Augusto Moreira

Provas com o tradicional vinhão, magusto e sarrabulhos neste fim-de-semana em que se celebra o Enoturismo. Património e gastronomia, por entre paragens de exuberância e encanto.

Seja qual for a perspectiva ou o foco de interesse, as límpidas e cristalinas águas do Lima dominam sempre o cenário. Em Ponte da Barca, no coração do Alto Minho, a natureza é mãe e madrinha, mas para lá da exuberância de rios e ribeiros, prados viçosos e montanhas desafiantes, há também património, cultura e gastronomia. Qualquer pretexto se ajusta para a visita e desfrute por uma comunidade cujas memórias se cruzam com a fundação da nacionalidade e um território que em grande parte goza da garantia protectora do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Às múltiplas motivações junta-se, por estes dias, o enoturismo, que neste domingo se evoca com programa que inclui magusto e prova de vinhos. Há uma visita guiada matinal à adega local, com provas e comentários sobre a última vindima; magusto tradicional no centro da vila, com tudo o que a tradição impõe; uma ementa com sarrabulho em todos os restaurantes, para que o programa seja completo. De preferência com o poderoso vinhão, o tinto carregado e intenso que por estas terras assume valor de referência étnica. Em tigela e da recente colheita, desde que haja coragem e os intestinos aguentem.

É pela margem direita que se deve entrar na vila. Pela velha ponte que enquadra o casario que marca o evoluir dos tempos e se reflecte na mansidão do Lima. Foi ela que deu o nome à vila, depois de edificada em pleno século XV no lugar onde de barca se fazia a travessia do rio para dar continuidade ao caminho que em tempo medieval levava os peregrinos em direcção a Compostela. É uma das mais importantes pontes medievais do país, com dez arcos em ogiva de tamanhos variáveis.

Na outra ponta está o pelourinho, que enquadra as colunas do antigo mercado manuelino e por onde se acede ao Jardim dos Poetas, um terraço sobranceiro ao rio que se assume como uma espécie de sala de visita da vila.

É aqui que encontramos a casa onde o próprio D. Manuel I se terá hospedado quando por ali passou em peregrinação até Santiago de Compostela, e é também nas suas imediações que encontramos alguns dos bares e cafés que emprestam animação para locais e visitantes. Há o Belião e o Poetas Café, com aprazíveis esplanadas, e também o Vai à Fava, com loja gourmet e um terraço interior voltado ao rio e à outra margem.

Há umas escadas para descer até à marginal. É junto ao rio que melhor se entende a atmosfera local, conjugando a natureza, o património e a rica gastronomia regional. Partindo do Campo do Côrro, onde estão alguns dos restaurantes de referência locais, o caminho pela marginal leva-nos até às pequenas ruelas e o antigo casario que marcam a evolução do povoado desde os tempos medievais. É perder-se por ali, apanhar os odores a creme queimado e doçaria tradicional, percorrer calçadas e escadarias em granito para subir até à zona onde está o tribunal e o edifício dos Paços do Concelho.

Fora da vila, há que passar pela igreja de São Salvador de Bravães, considerada uma das jóias do românico português, mas também por mosteiros que atestam a antiguidade e importância destas paragens como o de São Martinho de Castro ou de Vila Nova de Muía, onde se diz que terá pernoitado D. Afonso Henriques na véspera do Torneio de Valdevez.

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