Groningen é cidade capital da província com o mesmo nome, tem cerca de 180.000 habitantes e um centro histórico relativamente pequeno mas muito agradável. Por toda a cidade circulam bicicletas, o meio de transporte favorito de um holandês que se preze, faça chuva ou faça sol. A cidade movimenta-se muito em torno de dois grandes e modernos pólos de trabalho e educação - o Hospital Universitário e a Universidade de Groningen - que fazem desta cidade um dos mais conhecidos núcleos universitários no país e com uma vida nocturna invejável.
Até aqui tudo de acordo com as expectativas. O que não estava à espera de encontrar é a vincada rivalidade norte-sul: a população do sul encara a do norte como provinciana e rude, e a de Groningen responde com um nada acanhado proud to be a farmer, lema muitas vezes visto em t-shirts e cachecóis do clube de futebol F.C. Groningen.
Uma das diferenças inesperadas em relação à típica ideia que fazia da Holanda que me saltou a vista é que em Groningen a mistura de culturas é menos acentuada, a população parece mais homogénea. E muito mais alta! Tem a sua parte de emigrantes e misturas genéticas, mas aparentemente em muito menor escala que Amesterdão ou Roterdão, ou nas cidades do sul em geral. Talvez pelo facto de se encontrar bastante afastada dos grandes centros urbanos e aeroportos.
Estas e outras subtilezas notam-se caminhando pelo Grote Markt, a praça principal, dominada pela torre da igreja, a Martini Torren. É também de notar que em Groningen a própria Língua parece mais dura, com sotaque mais carregado.
Mas este mesmo povo, dito frio, rude e fechado é o mesmo que no feriado nacional conhecido como Dia da Rainha se junta ao resto da Holanda numa enorme vaga de gente vestida de cor de laranja, enchendo as ruas de animação e cor.
Além do Grote Markt e de uma subida ao cimo da Martini Torren com uma bela vista sobre a cidade, aconselho uma visita ao edifício da universidade (Academiegebouw), com passagem pelo Vismarkt, o mercado do peixe. A não perder também o Museu Marítimo Noordelijk Scheepvaart e o Groninger Museum, este construído com muita controvérsia sob o canal que rodeia o centro da cidade, de face voltada para a Estação Central, outro edifício que merece visita, com o seu bonito tecto arte nova a marcar o interior. E, já agora, recomedo uma paragem para a típica tarte de maçã, acompanhada por um capuccino, no café do Goudkantoor, um belo edifício renascentista mesmo no centro da cidade.
Acima de tudo, uma visita a Groningen vale pelo sentir mais profundo de uma Holanda mais típica, mais enraizada, menos conhecida e com muita personalidade. Já diz o slogan de duplo significado, geográfico e qualitativo, que não há nada acima de Groningen: Er gaat niets boven Groningen.
[FUGAS nº 545 - 23 Outubro 2010]