Fugas - dicas dos leitores

Pedro Macedo Leão

Aspen, de esquis nos pés

Por Pedro Macedo Leão

O caminho para Aspen, no Colorado, oferece uma visão estonteante. A estrada em ziguezague passa por florestas de pinheiros e rios congelados. Os ramos das árvores cobertos de neve branca dobram-se com o peso da neve, que ao cair liberta no ar pequenas nuvens de pó branco. Um ambiente mágico.
O caminho para Aspen, no Colorado, oferece uma visão estonteante. A estrada em ziguezague passa por florestas de pinheiros e rios congelados. Os ramos das árvores cobertos de neve branca dobram-se com o peso da neve, que ao cair liberta no ar pequenas nuvens de pó branco. Um ambiente mágico.

Estava ansioso por conhecer o pequeno hotel familiar onde tinha reservado um quarto. Do exterior, o hotel em estilo chalé de montanha, todo em madeira, e com portadas de madeira nas janelas - dava-me esperanças de poder estar à altura da pequena fortuna que me propunha pagar para aí pernoitar durante uma semana.

Ninguém no seu perfeito juízo programa o seu despertador para, durante as férias, tocar às sete horas da manhã, mas quem gosta de esquiar sabe bem que deslizar pelas encostas e desfrutar de paisagens deslumbrantes implica alguns sacrifícios. Mal terminei o pequeno-almoço, onde abundavam as toalhas de mesa em xadrez, os cestos em vime e as compotas caseiras, desci as escadas cobertas de neve para entrar na loja de aluguer de equipamento de esqui. Aqui, as botas que a simpática funcionária colocava à minha frente, depois de calçadas, pareceram-me mais um "quebra-nozes" do que um passaporte para uns bons momentos de prazer. Todos os anos o ritual repete-se: o esforço de carregar os esquis na subida a pé pela neve até às telecabines que nos levam às pistas assemelha-se mais ao cumprimento de uma penitência do que a uns programados momentos de prazer. Mas uma vez vencida a insegurança da primeira descida, a adrenalina dispara e o prazer invade o nosso corpo. A sensação estimulante de inalar o ar fresco e revigorante das montanhas acompanha o nosso olhar que abraça a paz da natureza. O esplendor da montanha é de tirar o fôlego.

Aspen, snowtown americana, atrai grandes fluxos de dinheiro e de personalidades famosas. Possui uma quantidade quase disparatada de lojas de luxo. O show começa depois das cinco da tarde, hora a que fecham as pistas, na esquina da rua Hopkins com a Gallina. Na rua, as mulheres passeiam-se acompanhadas por cães de raças exóticas e aquecidas por casacos comprados a preços "exorbitantes". Gucci, Malo, Chanel e Fendi são as lojas preferidas. Mas o must é ir arruinar-se à loja Kimo Sabe e comprar umas botas e um chapéu de cowboy.

À noite rumei para o Caribou Club, que me foi anunciado como o equivalente ao Annabel"s de Londres e onde se encontram os famosos que querem ficar longe dos fãs embasbacados. Ao meu lado no bar, uma mulher alta e esbelta, o cabelo louro platinado cintilando à iluminação suave do clube, sorriu e perguntou-me: "Também veio para cá para escapar aos seus fãs?"
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