Fugas - dicas dos leitores

"Agradeço a todos os mochileiros. Obrigada pelas vossas viagens, pelas vossas dicas, pela vossa coragem e por toda a inspiração"

Por Joana Hissa

A minha fuga não se refere a um destino só ou a um local isolado no tempo e espaço, que poderia um dia marcar com um pin num mapa do mundo. Não faria jus a minha viagem se escrevesse apenas sobre Macchu Picchu ou sobre Buenos Aires. Porque a minha fuga não se resume a uma cidade, a um monumento ou sítio arqueológico, mas sim em uma enorme vontade de partir e descobrir.
A minha fuga não se refere a um destino só ou a um local isolado no tempo e espaço, que poderia um dia marcar com um pin num mapa do mundo. Não faria jus a minha viagem se escrevesse apenas sobre Macchu Picchu ou sobre Buenos Aires. Porque a minha fuga não se resume a uma cidade, a um monumento ou sítio arqueológico, mas sim em uma enorme vontade de partir e descobrir.

Há alguns dias voltei de uma viagem de dois meses pela América do Sul. Uma fuga que incluiu o Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Peru, Bolívia e Chile. Entendem agora porque não consigo truncar a minha viagem?  E desde que voltei, tenho tido as emoções a flor da pele. Choro por tudo e por nada. Adoro viajar, realmente sinto-me realizada. Retornar é sempre o mais complicado... Ainda mais quando os outros interpretam tal vontade como temor pelo presente, pelo país, pela minha casa. Tento explicar que não é isso - mas no fundo, não sei. Porquê? Porque bate tanta vontade de ir? De transitar?

Estou em casa há alguns dias, mas só penso em voltar. Pôr a mochila nas costas, carregar o passaporte em baixo da roupa e partir. Cruzar fronteiras, dividir beliches e sorrir. Sorrir porque estou feliz - é neste fluxo que sinto-me feliz.

Acho que não fujo de nada. As pessoas que gostam de viajar obrigatoriamente estão a fugir? Perguntam-me porque não assento, procuro emprego e viajo como todos os outros, do tipo de agência de viagens, pacote turístico, tudo incluído.

Na minha viagem conheci pessoas de todo o lado - muitos nórdicos e alemães. Mas portugueses? Nenhum. Salvo um a trabalhar em um hostel em Buenos Aires. Agora pergunto eu a eles: e porque não? Porque não partir sem itinerário, sem avião marcado, sem hotel ou buffet intercontinental, internacional, intercultural, interracial... inter tudo e mais alguma coisa.

O que me interessa é o intra. E esse intra não encontro em agências de viagem, em pacotes turísticos, em horários de visita guiada, em cartõezinhos de identificação TopAtlântico. Encontro-o sim, sem rumo, de mochila, com um sorriso.

Pergunto-me: onde estamos nós, os Portugueses?

Por isso, agradeço a todos os mochileiros. Obrigada pelas vossas viagens, pelas vossas dicas, pela vossa coragem, e por toda a inspiração. Por abrir caminhos e mostrar que não faz mal. Não faz mal gostar de viajar. Faz é muito bem!
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