Fugas - dicas dos leitores

(O Piolho)

(O Piolho) Manuel Roberto

Porto sentido (outro ou não)

Por Nelson Bandeira

Nelson Bandeira escreve o seu Porto num poema. (Para Carlos Tê. À memória do pintor António Cruz.)
Temos só este Porto segunda-feira,

sem qualquer movida

para além da sua solidão,

dono (ou abandonado) de si e de nós,

temos só estes nórdicos perdidos,

sem conhecerem os nomes das ruas,

Fábrica, Ceuta, José Falcão, Aviz,

os medos e coragens sob o granito,

ou a tua porta, meu amor

(e a cidade é assim,

parvamente oitocentista, lírica),

temos só estes finos egoístas e tão perdidos

como os suecos, ou noruegueses,

ou dinamaqueses,

temos só estes finos estrangeiros também,

nas mesas juntas de um café chamado Piolho,

que dizem nosso,

foda-se, Tê.

--%>