Finalmente, avisto algo que me acalma e mostra que isto é mais seguro do que aparenta: na minha direcção dirige-se um snow mobile, um estilo de mota de neve, com duas pessoas a bordo. Se isto aguenta o peso da mota, há-de aguentar o meu. Com o aproximar do veículo, no entanto, voltam as dúvidas: a tal moto tem bóias de lado, pelo que está safa caso o gelo se parta. Como se isso não bastasse, os dois passageiros dedicam-se agora a esburacar o gelo com uma moto-serra, arriscando, a meu ver, a integridade estrutural do lago. Com certeza estão só a medir a profundidade de gelo e a garantir que é seguro, mas precisavam de fazer isto à minha frente?!
Tento distrair-me e vou então observando a paisagem. A meio da aventura, junto a uma árvore, vejo um placard que me dá as boas-vindas a um restaurante e anuncia o seu horário de funcionamento. Infelizmente, a segunda-feira é dia de descanso do pessoal, pelo que fico sem saber se o tal restaurante serve refeições ali mesmo, no meio do lago.
O sol sai detrás de uma nuvem e aparece finalmente, causando um sentimento contraditório: estou rodeado de neve e em cima de um lago congelado, mas sinto calor. Vejo flocos de neve a flutuar ao sabor do vento, mas quero tirar o casaco. A nuvem volta a esconder o astro celeste e decido ignorar tais ideias.
Chego por fim ao outro lado do lago, depois de uma caminhada de cerca de meia hora, com os pés encharcados. Terá valido a pena? Acredito que sim.
Transportando a lição para a vida real, que haja sempre coragem para que consigamos partir com a rotina e o rumo esperado da vida e tentar algo diferente, mesmo que exista o risco de que nem tudo corra bem e acabemos por "molhar os pés". O frio e desconforto nos pés desvanece rapidamente, a lição e a aventura ficam guardadas na memória para sempre.