Fugas - dicas dos leitores

Kuala Lumpur, um ballet nervoso e elegante

Por Maria João Castro

Dez mil quilómetros e um dia depois de partir de Lisboa, aterro em Kuala Lumpur sob a humidade da incontornável monção malaia. A capital da Malásia apresenta-se como um ballet nervoso mas elegante.

A urbe, nova e pouco extensa, concentra num punhado de quilómetros todo um dédalo de torres e de edifícios novinhos em folha, prontos a concorrer entre si pelo título do mais alto ou do mais luxuoso. É o espelho do desenvolvimento económico da Ásia e é dentro deste cenário feérico que me encaminham para um hotel na Jalan Bukit Bintang, uma das avenidas mais movimentadas da cidade.

Pouso a bagagem no quarto e espreito a vista da janela do 18.º andar: à esquerda vislumbro a KL Tower, em frente os telhados do Pavillion. Coloco o cansaço num parêntesis e saio para a rua.

Os dias desfilam inquietantes sob o peso da monção. Perdemo-nos em Chinatown, observamos o Palácio Real, percorremos o Lake Garden com o seu National Monument, visitamos o Museu Islâmico, aprendemos as artes malaias no centro Cocoa Handicraft, num trabalho perfeccionista, de resultados felizes e, por fim, deixamo-nos encantar no Bird Park, o maior parque de aves coberto do mundo.

Ainda há tempo de deambular pelo mercado central, onde calcorreamos devagar as ruas, apreciando as lojas, o artesanato e o cheiro que se desprende da comida condimentada.

Sobre dois milhões e meio de habitantes e com o barulho do trânsito filtrado pelos vidros duplos do quarto, adormeço olhando as luzes que se vão desfocando em multicoloridas formas, pela janela empoleirada na noite. A Malásia é agora uma lembrança improvável mas o que resta é sempre o princípio feliz de uma nova coisa.

--%>