He just stood there starring
At that big house as bright as any sun
With four and twenty windows
And a woman’s face in ev’ry one.
Bob Dylan
No entanto, Jaipur é a capital do Rajastão e conta com mais de cinco milhões de almas. É também conhecida na Índia por “cidade rosa”, nome que lhe vem de uma série de monumentos com aquela tonalidade. E, quando falo em tonalidade, é mesmo isso que pretendo significar. A fachada da fotografia, que vira em imagem antes de a ver ao vivo, desilude um pouco quando nos encontramos frente a frente. É que aquela “fachada” (já irão ver porque não uso o termo edifício ou prédio) tem um ar gasto, sem brilho... No entanto, tira-se uma fotografia e quando se olha ela brilha, surge-nos num rosa lustroso e puro, como se a obra tivesse sido acabada ontem e não em 1799. É extremamente fotogénica, é o mínimo que se pode dizer.
Esta fachada chama-se Hawa Mahal, o que quer dizer Palácio do Vento e, suponho, a ventania provirá de aquelas paredes não terem mais de 20 cm de espessura e de o todo não ter mais que a profundidade de uma sala! Ou seja: não há por trás daquilo, como seria lógico, um edifício; aquilo pouco mais é que um cenário de cinema, de Hollywood ou Bollywood, suportado por estacas. Este Hawa Mahal dá, e já assim era no passado, para uma das ruas mais movimentadas de Jaipur e é um dos topos do complexo em que se situa o Palácio da Cidade.
Esse palácio, com construções e decorações de uma beleza fulminante, era habitado, como é tradicional nestas coisas, por um poderoso marajá que, noblesse oblige, pastoreava um harém... Muitas mulheres, imensas, das obrigatórias às favoritas – hoje nem é bom especular se seria (para o marajá, que é o meu ponto de vista preferido) um maravilhamento ou um suplício. Bem, de qualquer modo, apesar de as ter de burqa, presas em casa e ao dispor, havia uma característica que, apesar do seu poder, o homem não conseguia evitar e, se reprimida ou não satisfeita, era susceptível de efeitos secundários muito nefastos: a curiosidade daquele mulherio todo. E, então, mandou construir para elas aquela fachada cheia de janelinhas (cinco andares de janelas), ondes elas, sem serem avistadas, podiam inteirar-se do que se passava com o comum dos mortais. Ninguém precisava de saber que elas ali estavam, nem ninguém precisava de saber que tudo era apenas uma obra de fachada!
Como ir: Jaipur é no Rajastão, província do centro da Índia. Pode lá chegar-se pelo Norte (via Deli) ou pelo Sul (via Mumbai). O voo, ida e volta, a partir de Lisboa, para qualquer uma destas cidades, custa cerca de 620€. Chegado, resta apanhar um voo interno para Jaipur numa das companhias de aviação locais: os aviões são modernos, seguros, e a viagem, ida e volta, demora uma hora e custa cerca de 60€.