Fugas - dicas dos leitores

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Mata Nacional dos Medos, o prazer da viagem

O terreno vai ficando mais macio a cada passo que damos em virtude da enorme quantidade agulhas de pinheiro misturadas no chão. Paisagem Protegida da Arriba Fóssil, lembra um cartaz, indicando o valor de coimas, ainda em escudos, para quem infringir a lei. Damos mais meia dúzia de alegres passos, até depararmos com aquilo que resta de uma nocturna fogueira. Moscas voam sobre restos de comida e bebida. Piquenique? Ou o que restava de algum culto secreto? Contam-se lendas de cultos de seitas esotéricas que neste local ritualizam oferendas aos druidas da floresta. Imagino o fogo de cores amarelas, laranjas, vermelhas, brancas ou azuis das suas chamas escrevendo sombras de dançarinos inebriados dançando.

10h45m. Prosseguimos em estado hipnótico rodeando aquilo que nos parece ser a toca de um texugo. Eis finalmente a lagoa de Albufeira. E a seguir a ela e por uma acentuada descida, entre pinheiros altos que se cruzam entre si, aparece o mar. Até lá chegar o chão está polvilhado de cactos. Ao perto e ao longe avistam-se pescadores. À beira-mar, a lagoa borbulha milhentas conchas vazias espalhadas ao longo do areal.

Meio-dia. A fome aperta. É tempo de degustar devagar, aos poucos e sem pressas, as “sandochas”. Sem darmos por isso, o silêncio faz-nos companhia. Aos nossos pés apenas se ouve o testemunho do borbulhar das águas na lagoa. Um local de eleição onde o tempo passa devagar. Deito-me de barriga para cima até o meu olhar se perder pela janela que se destapa sobre o céu. A natureza é uma boa escola. Hoje aprendi que todos queremos viver no topo mais alto de uma montanha mas toda a felicidade está durante a sua subida.

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