O varino levou-nos um pouco mais para dentro da baía. Com muita calma. Passámos pelo Parque da Quinta dos Franceses e pela Quinta da Fidalga. Vimos moinhos de maré e um velho cacilheiro que agora é restaurante. Na marginal havia pessoas a correr, a caminhar e a andar de bicicleta. Nós navegávamos quase parados. Meia volta e o mestre apontou em direcção ao cais. O final da tarde evidenciava-se pela horizontalidade dos raios solares e pelas tonalidades quentes que lentamente iam vestindo todas as superfícies.
No caminho de regresso havia um relativo silêncio a bordo. A nostalgia do que ainda não tinha acabado sentia-se na contemplação colectiva de tudo o que rodeava a embarcação. Chegámos. Caminhei pelo pontão, em direcção a terra firme. Uma tarde destas preenche mais do que muitos dias banais. Sentia-me bem e, no caminho para casa, ocorreu-me um trocadilho fácil que não me voltou a sair da cabeça: o Seixal é amoroso.