Fugas - dicas dos leitores

Rio, melhor do que nas novelas

Por Susana Timóteo (texto e fotos)

Como todo o português que cresceu a ver novelas da Globo, o Rio era o destino. Rio de Janeiro, a cidade com a população de Portugal. Como vive o carioca? Em que acredita?

O percurso pela Avenida Atlântica rapidamente nos ajuda a responder à nossa pergunta.

A magia de Copacabana e de Ipanema. A praia que é parte da vida, onde se apanha sol, se furam as ondas ou se joga à bola. O vendedor de água de coco, de pastel, de camarão. O sorvete de todas as cores e sabores. O culto do corpo e o corpo que é aceite.

São milhares os seres que desfrutam deste cenário “abençoado por Deus”. Mesmo o não crente se interroga perante tão grande beleza.

Mas o Rio não é só praia. O coração histórico que guarda as memórias da antiga capital imperial. Onde todo o português não dispensa a ida ao Real Gabinete de Leitura, a incrível biblioteca real portuguesa com mais de 300.000 livros, e a pausa num dos mais antigos cafés, a Confeitaria Colombo. Três séculos de história, oferecendo doces e salgados, inspirados nas culturas portuguesa, espanhola e brasileira, que despertam todos os nossos sentidos.

E a magia da subida ao Cristo Redendor, pela floresta do magnífico parque da Tijuca. Onde, após a longa encosta, a vista que surpreende mesmo o mais viajado dos viajantes. A pequenez perante tamanha beleza que nos rodeia.

E, para os que não têm medo de um passeio no teleférico panorâmico, a vertiginosa viagem ao Pão de Açúcar, onde a magia da paisagem não termina. Ou, porque não?, um desafiante passeio de asa-delta sobre este mágico cenário.

A sensualidade das curvas que invadem toda a cidade. A cidade que é também conquistada pela floresta. O verde da bandeira brasileira é rei. E o jardim botânico, com a frescura de muitos hectares a ocupar uma manhã diferente.

E tudo sempre com o “tá lento” do carioca, que no início impacienta o europeu, mas que rapidamente contagia os corpos. Os corpos musicalmente bronzeados. A música que embala a cidade. A cidade que também não dorme. A música que não termina com o pôr do sol de Ipanema. Onde os poemas de Vinicius se ouvem em botecos. Onde o chope é servido “estupidamente gelado”. Onde há sempre gente, sons, odores e sabores. “São mais de mil botecos”, diz o carioca.

Mas a beleza das colinas que não deixa esquecer que, por trás do Leblon, há a favela. A favela onde se anseia por segurança. A favela onde se joga a pipa ao vento. A favela onde a esperança precisa de crescer. E do morro se desce ao mar, e o mar, esse é de todos!

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