Fugas - dicas dos leitores

Max Rossi

Itália, viagem para recordar

Por José P. Costa

Fui a Roma e vi o Papa Francisco. Isto aconteceu no culminar de uma breve viagem, mas, ainda assim, para recordar, por Itália.

Mal chegámos a Roma, rumámos até Florença. Quem pensa que já a conhece, esquece que há sempre tanto para descobrir. As ruas pejadas de gentes, as imagens que vamos admirando nos diferentes museus da cidade — apenas conseguimos vislumbrar e admirar uma ínfima parte do que nos é oferecido, e quase somos intimados a voltar para perceber a arte que enche as Galerias Uffizzi, o Palácio Pitti e partir à descoberta pela Ponte Vecchia Em nova rota, olhar as estátuas de Neptuno, de Galileo, de autores tão distintos, desde o omnipresente Michelangelo a Donatello ou Botticelli; encontrarmo-nos ante os insignes escritores Dante, Petrarca ou Maquiavel, entrar na Igreja de Santa Cruz, no Batistério, na Duomo...

O acontecimento seguinte ocorreu na cidade medieval de Siena, fundada por Sénio, filho de Remo, este um dos fundadores de Roma. Rumámos à Basílica de São Domingos, onde se encontra a cabeça da padroeira de Itália e da Europa, Santa Catarina. Palmilhámos depois uns metros até à Piazza del Campo, uma das maiores praças medievais da Europa, onde duas vezes por ano, em 2 de Julho e 16 de Agosto, se disputa a Corrida do Pálio, com 10 cavalos. Vê-los em competição é um momento de grande emoção, sensação que agora não tivemos, mas visitámos a catedral, sem dúvida uma das mais espectaculares de Itália. Valia a pena prolongar a visita, mas havia que rumar até Assis.

Ali descobrimos a catedral onde repousa São Francisco. Não resisto a recordar que ele é o inspirador do actual Papa, que escolheu o seu nome para o seu magistério. O mistério daquele espaço está magistralmente representado nos frescos de Giotto, onde noto o percurso do fundador dos franciscanos. Não distante dali está a Igreja de Santa Maria degli Angeli, donde saíram os franciscanos que foram fundar a cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos.

Guiados pela vontade da descoberta, rumámos até Pompeia, onde campeiam ruínas de uma antiga povoação situada no sopé do monte Vesúvio. Vi-o claramente, imponente, mas felizmente inactivo.

Tive uma sensação de insegurança ao chegar a Nápoles, pelos relatos ouvidos. Quis o acaso que ali encontrasse o Teatro San Carlo, onde, em 27 de Janeiro de 1835, foi cantada, em estreia, a ópera Inês de Castro, de Giuseppe Persiani, a qual foi igualmente apresentada em dezenas de palcos em diferentes cidades italianas e europeias, também em Portugal.

Sinto pena que as marés não tenham permitido visitar a Gruta Azul, na ilha de Capri, pelo que aqui, em alternativa, tivemos de fazer uma viagem até aos Farilhões e depois subimos até onde está a casa-museu de Axel Munthe. A ilha é uma pequena maravilha, com habitações sumptuosas e vistas deslumbrantes.

Antes do regresso a Portugal, tornámos a Roma, cidade fundada pelo já referido Remo e seu irmão Rómulo, no ano 753 a.C. Na praça de São Pedro, o Papa Francisco presidiu no domingo às celebrações religiosas, trazendo nas suas palavras recordações de vários dramas a que o mundo assiste e não extermina definitivamente.Tive uma sensação de paz ante tal locução, que ainda me faz pensar que o Papa Francisco continua a despertar incontida e generalizada admiração: foge ao protocolo, está mais próximo das pessoas, procura vencer os hábitos antigos e nefastos.

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