Fugas - dicas dos leitores

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As complicações e os perigos aproximam as pessoas

São 15h, o comboio segue rápido a atravessar a Lorena e pela janela sempre que se passa por uma ponte vão surgindo canais por perto. Ouvi dizer que desta vez, em vez de irmos directos para Hannover, vamos para Menheim, onde trocamos de comboio para Berlim.

São 18h e há pouco entrámos na Alemanha. Uns ainda dormem e outros tentam decifrar um impresso para que o valor do bilhete ou parte dele seja devolvido. Curiosamente no fim do tal impresso tem um quadrado referente ao atraso do comboio: mais de 30 minutos; mais 1 hora ou mais de 2 horas. Ainda não se sabe qual vai ser o atraso mas, pelas minhas contas, vão ser mais de 15 horas.

Passámos Kaiserlautern e logo que chegámos a Menheim foi feito o transbordo numa pressinha. Este novo comboio era muito melhor que o anterior mas foi preciso corrermos não sei quantas carruagens para podermos ficar todos juntos. O mais engraçado é que, devido à tal noite louca, estes seis que não se conheciam de lado nenhum (três argentinas, dois portugueses e um espanhol), funcionaram como um grupo, quer à procura de lugares para ficarem todos juntos, quer a ajudarem-se uns aos outros. As complicações e os perigos aproximam mesmo as pessoas…

À uma da manhã, 29 horas depois de partirmos de Paris, acabámos por chegar a Berlim. Uma estação grande e moderna. Fomos logo à procura dos guichets, que estavam fechados, mas estava aberta a Polizei. E foi mesmo lá que nos informaram sobre a possibilidade do tal reembolso devido ao atraso, que foram 16 horas.

Por acaso lembrámo-nos de perguntar qual o melhor caminho para os respectivos hotéis e a mulher-polícia disse-nos que tínhamos direito a táxi de borla. Foi então que sentimos que estávamos num país do primeiríssimo mundo.

Já passa das três da manhã quando me estou a meter no vale dos lençóis.

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