No primeiro dia, começámos pela Plaza Mayor, cheia de animação: músicos, vendedores de artesanato e de outros produtos. Em tempos, esta praça foi uma arena e antes disso era o local onde se faziam julgamento da Inquisição. Seguimos para as Puertas del Sol, local emblemático para a passagem de ano dos madrilenos. É um dos locais mais populares de Madrid, por onde passam multidões de pessoas a caminho das lojas e atracções da parte antiga da cidade. Famosa a estátua de bronze do urso e medronheiro.
Nas imediações, comemos no bar Postas, um bocadillo de calamares. A tortilha também não desiludiu. Apostámos naquele local pois os clientes faziam fila para entrar.
Depois de uma passagem fugaz pela estação de comboios de Atocha, fomos ao mercado de São Miguel, que estava apinhado de gente a comer as famosas tapas. Queijos, presuntos de perder o fôlego e variada doçaria. Até vimos à venda as nossas famosas tigeladas e natas! Comemos umas ostras fresquíssimas acompanhadas de um vinho branco.
Seguiu-se a visita ao Museu do Prado. O museu é enorme, pelo que optámos por ver as obras mais emblemáticas. Foi fantástico ver os Jardins das Delícias de Bosh, As Meninas de Velásquez, O Fuzilamento de 3 de Maio de Goya.
Seguiu-se a passagem pela Plaza Cibeles, local preferido pelo adeptos do Real Madrid para celebrarem as vitórias. A Fuente de Cibeles, no meio da movimentada praça, representa a deusa greco-romana da natureza, puxada num carro por leões. Seguimos para a Plaza Cólon, um dos pontos centrais de Madrid, dedicada a Cristóvão Colombo. O jantar foi uma paelha, ou não estivéssemos em Espanha.
Estávamos no dia 31 de Dezembro. A passagem de ano que os madrilenos fazem questão de passar nas Puertas del Sol foi uma grande desilusão. Passam horas na praça à espera da meia-noite. Não há música nem qualquer outro tipo de animação. Chegada a meia-noite, com as 12 badaladas a bater na torre da praça, nem um foguete, nem fogo-de-artifício. Comem as uvas (não passas de uvas como nós), bebem champanhe e cada um vai à sua vida.
No dia seguinte, passámos pelo Paseo del Prado e fomos ao Parque do Retiro. Impressiona pela sua grandeza e beleza, principalmente o monumento a Alfonso XII, no lago do parque. É agradável ver centenas de pessoas a fazer a sua corrida matinal, músicos a animar, tocando trompete, harpa, música zen. Antigamente, este espaço era apenas usado pela família real, tendo aberto ao público no século XVIII.
No lago, é possível dar um passeio de barco a remos. Mesmo ao lado, visitámos ainda o Palácio Velásquez, de construção neogótica, e o Palácio de Cristal, construído em 1883 por Velásquez Bosco. Ao cair da noite, descobrimos o restaurante La Taurina, perto das Puertas del Sol, onde se comiam umas boas saladas, mariscos e carnes.
Como estávamos a cerca de 70 quilómetros de Toledo, não poderíamos deixar de visitar esta cidade, antiga capital visigótica e actualmente classificada como Património Mundial da UNESCO.
A cidade medieval é muito mais que o famoso quadro O enterro do Conde de Orgaz de Dominikos Theotocapoulos (El Greco) que se encontra na Igreja de São Tomé. Os turistas que por lá passam pouco ligam à igreja e vão a correr admirar o quadro. Foi o que também fizemos! A cidade, cheia de becos, ruelas com seus monumentos e casas mantém ainda aquela mistura de culturas muçulmana cristã e judaica.
Merece também uma visita o Monastério de San Juan de Los Reyes, uma verdadeira mistura de estilos arquitectónicos, mandada construir pelos Reis Católicos. Passámos ainda pela Sinagoga Santa Maria La Blanca. Naquela cidade, não vive um único judeu dos milhares que daí foram expulsos pelos Reis Católicos.
A catedral de Toledo merece uma visita não só pelas obras de Ticiano, Van Dyck e Goya no seu interior, mas pela beleza do templo no estilo gótico francês.
Vista de longe, a cidade é ainda mais bonita. Serpenteada pelo rio Tejo, que suavemente vai descendo até Lisboa. Voltamos a Madrid e tivemos a triste ideia de almoçar num restaurante que fica mesmo em frente ao Palácio Real. O restaurante Sabatini foi uma desilusão. Atendimento pouco cuidado, a roçar a má educação, a comida péssima. Seguiu-se a visita ao Palácio Real, que impressiona pela sua grandiosidade. A família real viveu aí até à abdicação de Alfonso XIII em 1931. Por sorte, nessa altura estava exposta uma colecção de pintura de retratos da família real onde se podiam ver obras de Goya, Rubens, Velásquez.
Mesmo ao lado fica a Catedral de Almudena, eleita pelo actual Rei, Filipe VI, e pela esposa Letízia para o seu casamento, em 2004.
O último dia em Madrid foi bem aproveitado. De manhã cedo, fomos ao Museu Rainha Sofia, onde nos esparavam as obras de Salvador Dalí, Miró, Picasso e Rivera. Ver o quadro Guernica ao vivo impressiona.
A viagem estava a chegar ao fim. Aproximava-se a hora do voo e o taxista não aparecia. Pouco tempo depois, ligou para o hotel dizendo que estava parado no trânsito — devido à apresentação do jogador do Atlético de Madrid, Fernando Torres, que regressava a casa, milhares de espanhóis correram ao estádio para o verem. Pediu-nos para ir ao seu encontro junto do Arco de Toledo. Carregámos a mala até lá e milagrosamente, no meio de centenas de carros, lá o descobrimos e seguimos para o aeroporto.