Fugas - dicas dos leitores

Barcelona, cidade de Gaudí e das Ramblas

Por Diogo Costa (texto e foto)

A capital da Catalunha enche-se de turistas durante todo o ano para admirarem os principais postais turísticos locais, como as obras do arquitecto catalão Antoni Gaudí.

Visitar a cidade e não se deparar com as tão afamadas obras que constituem o expoente máximo do Modernismo catalão desenvolvido entre o final do século XIX e início do século XX, é na verdade quase impossível, porque estão por toda a parte. 

Começando pelo bairro Eixample, a luxuosa avenida Passeig de Gràcia apresenta, para além das inúmeras boutiques de alta-costura e restaurantes, dois dos principais ex-líbris da cidade, a Casa Batlló e a Casa Milà. E pode ser por aqui um começo da descoberta desta cidade, já que até no pavimento é possível admirar mosaicos criados por Gaudí e a entrada na Casa Batlló é sem dúvida algo a não perder – sendo que ao final da tarde as filas não são menos longas e é possível aceder ao seu interior em menos de 5 minutos –, onde se pode admirar magníficos azulejos e colunas que fazem lembrar ossos, não fosse esta casa também apelidada de Casa de Ossos. 

Descendo o Passeig de Gràcia, em poucos minutos chega-se à Plaça de Catalunya e aqui começam as ruas mais conhecidas da cidade que dão pelo nome de Ramblas. A enchente é tão grande, é possível ouvir-se falar todas as línguas e mais algumas, as ruas são percorridas pelas pessoas a pé, de bicicleta ou até de skate (sim, Barcelona é vista como uma meca do skate, portanto é mais que comum ver as longboards a circularem em qualquer parte da cidade). Descer as Ramblas é fazer uma pausa obrigatória no Mercado de La Boqueria e sentir os diferentes aromas. E há logo uma série de guloseimas à entrada para os mais gulosos. Convém olhar para o chão quando se descem as Ramblas, não vá perder a oportunidade de observar um belo mosaico criado por Joan Miró. 

Por aqui também, a Plaça Reial, que lembra muito a conhecida Plaza Mayor de Madrid, mas a visita deve tomar outros caminhos, ou seja, o Bairro Gótico com as suas ruas pitorescas, daquilo que é o maior exemplar do que resta da Barcelona antiga incluindo a grandiosa catedral Gótica. Se tiver sorte pode até assistir a uma exibição dos castellers na Plaça Sant Jaume, sendo que os castellers são um grupo que cria torres humanas no meio das ruas e esta é uma tradição da Catalunha. 

Colado ao bairro gótico está outro bairro boémio, o El Born, que inclui o Museu Picasso, ideal para os apreciadores de arte e das obras do artista espanhol. Pode sempre terminar a visita no Parc de la Ciutadella, ideal até para um piquenique, sendo este um dos pontos de interesse preferidos dos catalães ao domingo, que ali passam o dia sendo possível assistir a qualquer performance feita por artistas de rua aqui e na maior parte do centro da cidade. Convém mencionar que o Arco do Triunfo (podia ser o de Paris, mas não é) está a 5 minutos do parque e merece a pena ver. 

Barcelona passa também, claro, por uma visita ao seu principal atractivo, o Templo Expiatório da Sagrada Família, a obra a que Gaudí dedicou grande parte da sua vida e que ainda está longe de ser acabada. A visita ao interior deve ser planeada previamente com os bilhetes comprados online para evitar uma longa fila de espera de várias horas. É sem dúvida um monumento imperdível, o transepto da basílica lembra um autêntico bosque, é um local simplesmente mágico. 

No seguimento de Gaudí, existe na zona norte da cidade, acima do trendy bairro da Grácia, um parque também criado pelo arquitecto catalão, o Parc Güell. Situado numa colina, o Güell é mais uma das atracções da cidade a não perder, e actualmente está dividido na zona monumental da qual a entrada é paga e constitui a área em que a mão de Gaudí tanto actuou para criar um templo com belos mosaicos e azulejos coloridos, e o grande ex-líbris do parque, o lagarto conhecido por El Drac. A outra área é gratuita, e exibe uma magnífica vista panorâmica sobre Barcelona, mas se acha que não foi o suficiente suba até à colina mais alta da cidade, o Tibidabo, e aí a visão de 360º sobre a cidade é a melhor possível. 

No Verão, o calor aperta e é aí que a Barceloneta entra com a sua praia extremamente concorrida onde pode banhar-se nas águas mornas do Mediterrâneo, sendo que se é amante de vida nocturna vai encontrar aqui as melhores discotecas da cidade desde o Pacha ao Opium. 

Barcelona tem uma das melhores noites europeias, e há muita oferta de bares e discotecas. Da zona da Barceloneta e Vila Olímpica até ao bairro da Grácia, é só escolher. 

Merece também uma visita a zona da Plaça d’Espanya e a dois passos as Fontes Mágicas de Montjuïc, que atraem centenas de pessoas quando há espectáculo ao início da noite. Aqui é também possível gozar de mais vistas panorâmicas sobre a cidade. 

Mas Barcelona é uma cidade tão cosmopolita que nenhum guia turística ou artigo consegue transmitir tal magia e fazer jus ao nome, é uma cidade que merece ser experienciada, e que exige tempo e dedicação. O melhor é deixar o guia de lado e aventurar-se por si mesmo à descoberta de uma das mais encantadoras metrópoles europeias onde se conjuga arte e lazer na perfeição.

O pior momento da sua viagem a Barcelona será aquele em que entra no avião e se despede da capital catalã, já que esta cidade é tão acolhedora que ficará a sentir-se parte dela e da sua experiência. Vai querer voltar de imediato!

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