Fugas - dicas dos leitores

Até um dia, Havana

Por João Lobão

Quase 60 anos após o embargo, os Estados Unidos reabrem a sua embaixada em Havana. Foi neste contexto que visitei esta metrópole com 2 milhões de habitantes.

"Escrever a viagem é parte integrante do gozo de vier" - Luísa Costa Gomes

Sim, há um flashback até aos anos 1950, onde Havana era paraíso de mafiosos, homens do jogo, actores e actrizes consagrados de Hollywood e onde o glamour imperava. Porém, estes tempos gloriosos acabaram. 

Havana é um amontoar de carros antigos, fachadas coloniais à espera de recuperação, mas onde se nota um misticismo próprio de uma cidade parada no tempo. Caminhar nas ruas sob o calor tropical onde a humidade que se cola ao corpo nos traz à memória filmes e sombras de uma América Latina que outrora seduzia as grandes potências.

O povo é afável, culto, esclarecido, pese embora as dificuldades do seu quotidiano.

No primeiro dia conhecemos os meandros da cidade;  os recantos mais importantes de Havana Velha, almoçámos no forte e, na parte da tarde, visitámos Havana Nova – a Universidade, Vedado e a Praça da Revolução, que se prepara para receber, em Setembro, o Papa Francisco. Destaque ainda para o conhecido Malécon, que abraça o mar e ouve os sonhos do povo Cubano.

A noite foi reservada para jantar na Floridita, bar imortalizado pelos (muitos !) daiquiris que Ernest Hemingway ali bebia. Depois, o espectáculo Tropicana –  ficámos com a impressão que, em tempos, foi o expoente máximo da Broadway cubana, mas hoje perdeu um pouco todo esse brilho.

No dia seguinte andámos por nossa conta e seguimos um roteiro que já tínhamos definido: catedral, Plaza de Armas, onde se vende um sem número de livros em segunda mão e outras velharias, passámos pelos hotéis mais emblemáticos, como o Inglaterra, paradeiro de espiões americanos, e saímos da cidade num velho Cadillac descapotável para visitar a casa de Hemingway e todo o seu espólio, os seus prazeres, naquele que foi o seu "refúgio" durante 20 anos. Absolutamente fantástico e a não perder! Tempo ainda para visitar a fábrica de tabaco Partágas, o Museu da Revolução e o Capitólio.

Mas, mais do que museus, Havana é para ir caminhando sem rumo e sentir o pulsar de uma cidade parada no tempo. É esplanar aqui e ali, falar com o povo, beber um mojito. Almoçámos e jantámos em paladares –casas particulares onde cubanos confeccionam refeições –, alguns emblemáticos, outros perdidos em vielas onde o povo se junta e senta à porta das suas casas conversando, entre crianças que brincam. Lá ao fundo, ecoam melodias cubanas imortalizadas por grupos como os Buena Vista Social Club.

No dia seguinte, e antes de irmos embora, tempo ainda para comprar uns recuerdos. Esperavam-nos duas horas até Varadero. A viagem é agradável e deu para ver as florestas tropicais, a rica vegetação, a importante cidade de Matanzas e, acima de tudo, o way of live dos cubanos que vivem fora da metrópole que é Havana.

Até um dia Havana!

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