Fugas - dicas dos leitores

Charles Platiau/Reuters

Grand Canyon, uma viagem que não se esquece

Por Maria Clara Costa

Todos os dias tropeço num pedacinho do mundo e hoje, ao contemplar o brilho das estrelas através de uma janela voltada para a serra de Carnaxide, foi a imagem do Grand Canyon que me surgiu e me fez cair na vontade de o relatar.

Revi toda a viagem que começou em Nova Iorque num mês de Inverno. A cidade estava bordada de neve, o sol dava um ar da sua graça e o movimento nas ruas era frenético. Gostei de passear pelas longas avenidas e pelo Central Park, que se encontrava branco e florido. Fizemos o circuito da cidade, algumas visitas muito interessantes, e partimos para São Francisco (Califórnia), uma cidade fantástica que faz lembrar a nossa Lisboa. Ruas íngremes que vão dar à água da baía, temperatura amena, céu azul, eléctricos, parques, jardins, bosques, a ponte Golden Gate e as gaivotas a darem-nos as boas vindas. Daqui, partimos para Las Vegas, um mundo inimaginável onde a música das máquinas de jogo nos persegue por todo e qualquer lugar. Ficámos no MGM Grand Hotel, considerado na altura o maior hotel do mundo. O seu interior alberga uma autêntica cidade onde se joga 24 horas, onde, para além de espectáculos, se pode comer e comprar quase tudo e nos podemos perder a caminhar.

Os edifícios da cidade são fabulosos e mostram-nos um bocadinho de cada parte do mundo num ambiente de luxo, desvario e fantasia. E é daqui que o grupo parte em pequenas avionetas para chegar ao Parque Nacional do Grand Canyon, sobrevoando uma vastíssima área.

Não é fácil para quem enjoa, mas um frémito de assombro e deslumbramento percorre-nos o corpo por todo aquele espectáculo que os nossos olhos alcançam, uma paisagem montanhosa cor de ocre moldada pelo rio Colorado durante milhares de anos, que se vê nos filmes e se pensa impossível ser real.

Chegados ao parque, e já com os pés assentes na terra, embrenhei-me nesta envolvência descomunal de paz e serenidade. Caminhei, abeirei-me de protegidos precipícios e bebi em silêncio o silêncio que descia do céu. Almoçámos um típico menu americano num ambiente de faroeste e a seguir assistimos à projecção de um filme em 3D feito a partir de máquinas voadoras que nos deu uma ideia da dimensão desta região agreste e fascinante.

A visita ao parque chegou ao fim e havia que regressar a Las Vegas. Uma avioneta ainda partiu mas as outras ficaram em terra porque uma forte tempestade se abateu sobre a região. Os restantes turistas, onde eu estava incluída, tiveram de regressar de autocarro e jantar no caminho num típico restaurante. Chegámos já alta madrugada mas valeu a pena porque ficámos a conhecer o percurso por terra que incluiu a passagem pela célebre barragem Hoover Dam.

Tudo o que me foi dado observar confirmou que o que vejo nos filmes nem sempre é cenário. Foi uma viagem inesquecível e a prova disso é que, passados muitos anos, ela ainda está bem presente na minha memória.

 

 

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