Pára e olha! Olha para a Ponte Luiz I de diferentes perspectivas. Nas tardes de Verão, nos amanheceres de neblina, no pôr do sol alaranjado ou ao luar da noite fria. Todos os momentos são ideais para olhar a ponte. Olhá-la é o marco mais turístico e popular da cidade do Porto.
Não há turista que não se perca a fotografá-la. E não há portuense que não vá várias vezes por ali passear. Não consigo explicar o porquê de tanta fantasia. O que é certo é que é feitiço para turistas e portuenses.
Nos meus tempos de estudante, aquela viagem diária, fosse de ida ou de volta, aquele momento entre dois túneis, o meu olhar prendia-se por segundos a olhar a ponte, como se fosse todos os dias uma criança fascinada a olhá-la pela primeira vez. Nos dias de hoje, em que vivo em plena Baixa portuense, as caminhadas de fim-de-semana, as caminhadas nocturnas e os fins-de-tarde não deixam de passar por ali. Olho por breves momentos, como se ela exercesse em mim algo de inexplicável e que não me canso de observar. Paro e olho de diferentes ângulos.
Ângulo agudo. Quando desço as escadas dos Guindais e paro na esplanada do Futebol Clube Guindalense. Um fino, uns tremoços salgadinhos e dois dedos de conversa com os amigos ou com as gentes lá do bairro, como o senhor Silva, que faz parte da direcção do clube e que passa horas a fio por ali.
Ângulo recto. Quando atravesso o tabuleiro de baixo da ponte e paro na Taberna do Manel, para petiscar um chouricinho assado e uma tábua de queijos.
Ângulo giro. Quando o passeio se quer romântico, nada como ir a uma esplanada das Caves Taylor’s, ao terrace lounge 360º do Espaço Porto Cruz ou no alpendre das caves Graham’s. Apreciar um bom vinho do Porto com classe e muito prazer.
Ângulo raso. Quando me perco entre as ruelas da Ribeira do Porto, cruzo a Casa do Infante e entro na Rua dos Bacalhoeiros. Faço sempre uma paragem rasante ao café do Grupo Desportivo Infante D. Henrique para ouvir as vozes da Ribeira. Mais adiante, desfruto de uma das esplanadas ou apenas me sento no muro da pequena e estreita rua. E ali em frente lá está ela…
Ângulo obtuso. Para escolher o local mais fantástico, maravilhoso, surpreendente, fico obtusa, confusa, desnorteada. Afinal, todos os ângulos são bons. Mas, quando quero fotografar, subo à Serra do Pilar ou caminho até ao miradouro da Vitória. O efeito da luz que ao longo do ano se espelha nos arcos de ferro transforma-se com as estações do ano.
Independentemente do ângulo, da hora e do prazer escolhido, paro e olho! E ali fico por momentos, boquiaberta com a nobre e bela Ponte Luiz I.