Para qualquer turista de massas, tipicamente munido de máquina na mão e que vê a cidade através de uma lente, até um dia basta. A ele digo-lhe, não se dê ao trabalho de sair de casa, se é para ver Roma através de um aparelho, faça-o na televisão, no conforto do seu sofá, não estrague a cidade aos demais, aos que a verdadeiramente merecem.
Não falo de mim, pois não sei se fui merecedora de tamanha cidade, sendo-o ou não, tive essa honra e esse imenso prazer. É com grande pesar que vi a cidade do amor, a verdadeira cidade do amor, ser invadida por esta terrível doença do século XXI que consegue tirar um pouco do brilho dos sítios mais incríveis. Ainda não a conseguiu destruir por completo, ainda, e espero não estar cá quando tal acontecer.
Três dias não seriam suficientes porque são esses os dias que se demora para ver os principais landmarks romanos. Pergunto-me: e tudo o resto? Não quero tirar a magia do Coliseu e do Panteão (por mais que quisesse não o conseguiria), mas acredito profundamente que estes sítios brilhem ainda mais depois de se estar verdadeiramente embrenhado na cidade, depois de nos termos perdido nos labirintos urbanos, deixando para trás mapas e aplicações de localização. A Fontana di Trevi, a Piazza Navona, os fóruns romano e imperiais, tudo o que dá nome à cidade não deve ser procurado avidamente mas sim encontrado ao acaso. Não é de todo difícil. Roma transpira cultura antiga e, correndo o risco de cair em cliché, em cada esquina a conseguem encontrar.
Podem deixar a máquina fotográfica em casa porque nunca vão ser capazes de recriar tão bem os encantos desta cidade como quando os viveram. Vão dar por vocês a mostrar as fotografias aos amigos e nada será como foi. Acreditem quando vos digo que não há sítio mais belo onde guardar todas as vossas recordações do que a vossa própria memória.
Deixem tudo para trás e percam-se nesta cidade maravilhosa. Rasguem os manuais de viagem, abandonem os vossos guias turísticos e lancem-se sem medo. Se há coisa que vão encontrar é um povo simpático e acolhedor, como é típico dos países do Sul.
Aos merecedores, Roma irá abrir-se perante vocês em todo o seu esplendor, basta estarem atentos. Desde o som das frases perdidas em italiano que se apanham no meio da rua, aos incríveis gelados que se compram em toda a parte. Percam-se e ao virar de uma esquina, quando menos esperarem, vão encontrar algo tão incrível como a Fontana di Trevi. Prometo que vai valer a pena e vai ser um dos momentos mais inesquecíveis que alguma vez irão viver.
Roma é feita de grandes maravilhas mas é pelos pequenos encantos que eu digo que quero voltar. Três dias não foram e não serão nunca suficientes. Quero voltar para me perder nas ruas de Roma e assim conseguir encontrar-me.