Fugas - dicas dos leitores

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Tem tudo, a Andaluzia

A zona de Huelva vive muito em torno das memórias de Colombo. E lá está ele, à saída do porto, numa enorme estátua de braços cruzados e olhando fixo para ocidente. Mas neste tema o mais interessante é a visita a La Rábida. No Molhe das Caravelas fizeram uma réplica das três naus que foram na primeira viagem à América, reconstituindo nos mínimos pormenores a vida a bordo, os mercados de abastecimento e até os indígenas que encontraram. Está ali um bom trabalho e merece a pena a visita.

Em Palos de La Frontera também se vive bastante o ambiente colombino, não fossem de lá os irmãos Pinzon, que comandaram duas das três naus que Colombo levou à América. Mas Palos está rodeada de imensos campos e pomares e até criaram uma marca própria de morangos que por vezes encontramos nos nossos supermercados.

Outra experiência extraordinária foi a visita às Minas de Rio Tinto. É uma enorme mina a céu aberto que se encontra esgotada e cuja exploração já vem do tempo dos fenícios, cartagineses ou romanos. Faz parte da chamada Faixa Piritosa Ibérica onde se incluem as nossas minas de Aljustrel e de São Domingos. Aliás a Mina de S. Domingos é uma pequena amostra do que vimos no Rio Tinto. E mesmo assim é altamente recomendável para quem não conhece. Mas no Rio Tinto as diferentes cores dos terrenos, das enormes crateras ou taludes avermelhados da exploração, as cores amarela, vermelha ou azul das águas do rio ou dos regatos e lagoas em volta, tudo dá uma sensação fantástica de nos imaginarmos num planeta diferente.

Sevilha é a capital da Andaluzia, por isso vale sempre a pena regressar para ver mais alguma coisa. E é tanto e de tanto interesse o que Sevilha tem para mostrar! Desta vez passeámos junto ao rio, vimos a Giralda e a Torre do Ouro e passeámos pelas ruelas da antiga judiaria. Mas aproveitámos também para ver algo que não pudemos ver na vez anterior. Refiro-me à Casa de Pilatos. É um fantástico palácio renascentista de um nobre sevilhano que percorreu a Europa do Renascimento, ficou encantado e quis fazer uma casa que lhe lembrasse tudo o que viu. O resultado é uma coisa extremamente bonita e que merece ser vista com muito vagar.

Recomendo a todos que visitem Sevilha que não se fiquem pela Giralda, Praça de Espanha e Parque Maria Luísa. Não visitem somente a Macarena, o bairro Triana ou La Isla Mágica. Venham ver esta Casa Pilatos e verão que só por isso já mereceu a pena a viagem a Sevilha.

Outra coisa que nos deixou imagens a bailar na memória foi a romaria à Senhora El Rocio. A ermida fica logo ali, junto ao enorme e bonito Parque Natural Doñana, cheio de aves, sobretudo nesta altura do ano. Mas as vestes das senhoras ou cavalheiros, o adorno de carroças, tractores ou carros de bois, os grupos organizados, os cânticos, os rituais, tudo, tudo é um espanto. Nunca vimos nada assim.

A comida também pode ser um sinal de cultura. Não comemos o gaspacho andaluz, mas a sopa cordovesa salmorejo já nos agradou imenso, como nos agradou e repetimos um prato de peixes fritos e moluscos variados, el pescaíto. Uma delícia. Ficou para outra vez o estufado de rabo de touro ou os flamenquines.

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