Fugas - dicas dos leitores

Tem tudo, a Andaluzia

Por Alfredo Magalhães

A Andaluzia deve ser a região de Espanha que mais tem para oferecer aos turistas.

Tem os melhores destinos de praia, como Torremolinos ou Marbella; tem estâncias de esqui na Sierra Nevada ou de Grazalema; tem os melhores vinhos de Espanha em Jerez, Málaga ou Condado, e tem destinos culturais de sonho como Granada, Córdova ou Sevilha.

Mas a Andaluzia tem também os mais icónicos símbolos de Espanha: o flamenco, que nasceu e se desenvolveu nos bairros populares de Granada; o toureio a cavalo, que teve a sua origem na Maestranza, ali à beira do Guadalquivir, em Sevilha, e o toureio apeado da época moderna, que dizem ter começado em Ronda.

Já noutros tempos andei pelos destinos de praia da Andaluzia, mas o que me seduz mais agora é visitar a região durante a Primavera. Os vastos campos da bacia do Guadalquivir reverdecem com as fruteiras, os legumes ou os cereais; as flores salpicam de cor a paisagem e no alto dos cabeços luzem os Pueblos Blancos. Estes últimos são uma venda turística recente de Espanha. Já percorri os mais assinalados há dois anos e não achei que fossem mais interessantes que as vilas ou aldeias brancas do nosso Alentejo.

Quem conhece sabe como são atractivos o Alvito, Barrancos, Ferreira, Mértola, Monsaraz e tantos outros. Os portugueses é que não sabem vender os seus produtos. Mas desses pueblos há dois que me ficaram na memória e ficou a vontade de voltar: Arcos de La Frontera, no alto de um penhasco sobre o rio Guadelete, e sobretudo Ronda, à beira de enorme e alcantilado desfiladeiro.

Este ano decidimos procurar outras zonas andaluzas. Por isso começámos por Granada. E ficou um deslumbramento. O Alhambra é qualquer coisa que se torna difícil de descrever. É um delírio da arte e da arquitectura, seja nos diversos palácios nazarís, seja nos deliciosos jardins de Generalife. São coisas de sonho e do mais delicioso dos sonhos. A vontade não é voltar. A vontade é não sair de lá. Mesmo o passeio pelas encostas dos bairros típicos de Albaicin e Sacromonte, onde dizem que nasceu o flamenco, é de encantar. Vale a pena subir junto ao rio Darro até ao largo a que chamam Passeio dos Tristes e ficar a admirar lá no alto as torres do Alhambra ou perder-se nas ruelas de pequenas tascas e bares.

Córdova é outro mundo, é outro sonho. A visita à mesquita é imprescindível. Mal atravessamos a porta o espanto é completo e não há fotografias vistas anteriormente que possam substituir a sensação de estar ali. É uma floresta de mil colunas, segurando arcos em forma de ferradura, listados a branco e roxo, mas também amarelo ou azul. São portais altamente trabalhados ou tectos que são verdadeiras obras de arte. Mas Córdova tem muito mais.

Tem a ponte romana, mesmo ali em frente ao largo da mesquita, e tem o Alcázar mais adiante. Este é uma pequena e modesta imitação dos jardins do Alhambra. No género são muito mais conseguidos os jardins e palácios do Alcázar de Sevilha. Mas Córdova tem ainda mais, sobretudo nesta altura do ano: as ruas floridas e os pátios cordoveses. São uma delícia para os olhos. Fazem até concursos para a rua mais florida ou o pátio mais decorado. A visita à cidade vale a pena sempre, mas na Primavera tem encantos adicionais.

--%>