Mesmo de carro, em cinco horas estamos na cidade, podendo aproveitar a possibilidade de desfrutar as paisagens portuguesas e espanholas. A viagem de carro pode ser um pouco maçadora, mas fica-se deslumbrado com as imensas planícies espanholas e os seus tons de dourado que as acompanham, especialmente no Verão.
Já somo algumas idas a Madrid, três delas sobre rodas. De avião já perdi a conta, por entre idas de propósito ou escalas de avião para outros destinos. A viagem de metro até às Portas do Sol dura cerca de 30 minutos, o que torna possível visitar a cidade entre uma grande escala.
As opções são imensas. Não nos podemos esquecer que Madrid foi capital de um grande Império e a sua imponência nota-se, por exemplo, na arquitectura. Encontramos grandes avenidas, rasgadas por entre majestosos edifícios. Igrejas, palácios, jardins e, aqui e ali, esboços de outras culturas que ficaram na cidade, graças ao relacionamento criado com outras civilizações.
A capital também chama a si os atributos gastronómicos com as tascas centenárias do centro. Temos mesmo que comer uns bocadillos e beber uma caña para nos sentirmos integrados no espírito desta cidade — faz parte e é, em si mesmo, uma atracção. A efusividade espanhola convida-nos a ficar na rua. Depois de saírem do trabalho, os madrileños ficam a aproveitar o sol de fim de tarde junto a estas tascas e bares do centro da cidade.
Um bom roteiro a fazer na capital começa no Templo de Debod. Este monumento tem cerca de 2200 anos. A entrada é gratuita. É um monumento egípcio e no interior encontramos referências a essa cultura, como esculturas, artefactos e até maquetes. Dados os estreitos corredores só podem entrar 15 pessoas de cada vez. Mas como a visita é relativamente rápida, o tempo de espera é pequeno. O lugar também é óptimo para tirar algumas fotografias, aproveitando o espelho de água.
Em alguns minutos, estamos na Praça de Espanha. No centro do jardim existe um monumento em homenagem a Miguel Cervantes. Se continuarmos na Calle de Bailén vamos encontrar dois dos incontornáveis de Madrid — o Palácio Real de Madrid e a Catedral de Almudeña. A visita ao palácio custa cerca de 11€, mas existem horários gratuitos, fora da época do Verão. As filas costumam ser grandes mas vale a pena visitar as instalações da família real espanhola. Logo ao lado, a Catedral de Almudeña tem uma entrada bem mais modesta — apenas 1€ como donativo. Os jardins de Sabatini, ao lado do palácio são uma boa oportunidade para procurar uma sombra.
De seguida, podemos caminhar pela Calle Mayor e parar para comer qualquer coisa no Mercado de San Miguel. É um mercado típico madrileno, que foi transformado. Aí cada banca serve tapas, pratos, iguarias deliciosas.
Perto do Mercado de San Miguel está a Plaza Maior. A azáfama de turistas é imensa. Por aqui começam-se a encontrar as típicas “tascas” centenárias de Madrid e multiplicam-se as opções para continuar a apreciar a gastronomia. A praça em si também é linda, com imensa animação.
Atravessando umas ruas mais estreitas, chegamos a uma das principais praças de Madrid, se não a mais emblemática — Puertas del Sol. Temos as marcas mais conhecidas e um El Corte Inglés em ruas e ruelas por trás da praça, mais precisamente nas Calles del Carmen e na Calle Preciados. Nela podemos observar um conhecido monumento chamado “O urso e o medronheiro”, um símbolo da cidade. É também em frente à Real Casa dos Correos que está indicado o quilómetro zero, início de todas as ruas de Espanha.
O ideal agora é caminhar pela Calle de la Montera em direcção à Gran Via. Esta é a avenida mais importante de Madrid. Mais uma vez, voltam a aparecer todas as lojas de renome internacional. A Gran Via é uma zona vital da cidade, sendo um pouco confuso caminhar, devido às muitas pessoas que por aqui passam. Chegando à Gran Via, é percorrer a pé toda essa zona até à Praça Cibeles.
Nesta praça, duas opções:ou se vira para a esquerda em direcção à Praça Colón, onde se situa o museu da cera, o Hard Rock Café e o Museu da Biblioteca Nacional, ou, por outro lado, vira-se à direita em direcção à Estação de Atocha.
Eu prefiro sempre esta última. Podemos apreciar esta bonita avenida, o Paseo del Prado, com as suas árvores centenárias, fontes e comércio de rua. A meio deste caminho, o Museu do Prado, onde está a uma colecção permanente de quadros de autores de todas as épocas (Rembrandt, El Greco, Goya, entre tantos outros). A entrada neste museu é de 15€, mas vale a pena. O museu também disponibiliza um horário gratuito (de segunda a sábado, das 18h às 20h, domingos e feriados das 17h às 19h). As filas tornam-se gigantes, mas a entrada é bastante rápida e consegue-se visitar o museu com relativa calma.
Numas ruas por trás do Prado encontra-se o Parque del Retiro, com 118 hectares. Tem bastantes visitantes, turistas e madrilenos, que passeiam, andam de gaivota e apreciam alguns edifícios peculiares ali construídos, como é o caso do palácio de Velasquez (em vidro) e outros monumentos.
No fim do Paseo del Prado, uma das estações mais bonitas que conheço, a estação de comboios de Atocha. Vale a pena entrar para o jardim interior e ver os inúmeros cágados que lá vivem. Uns seres tão lentos que contrariam a correria diária, típica de uma estação de comboios de uma grande capital.
Em frente à estação podem visitar um museu de arte contemporânea, muito conhecido, o Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia (8€ a entrada), casa da conhecida obra de Picasso, Guernica.
Este percurso consegue estabelecer uma interligação entre o passado e o presente de Madrid e Espanha. É bastante exigente para se fazer apenas caminhando, ou num só dia.
Em 2015, conseguimos conjugar uma parte deste trajecto com uma visita ao Parque da Warner Bros, situado na orla da cidade. A entrada é bastante acessível, o preço da alimentação também não é exagerado, consegue-se almoçar por 10€. Foi uma experiência fantástica visitar o parque.