Fugas - dicas dos leitores

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Havana, a morte de Fidel e os escombros da revolução

Foi justamente por causa de uns cubanos vivendo miseravelmente que Fidel e seus companheiros fizeram a revolução. É claro que já não existe a tirania de Fulgencio Batista, ainda que sobrevivam as mesmas amizades que animaram a Baía dos Porcos. Mas porque subsiste ainda a tirania da pobreza, da escassez, da dificuldade? Se recusarmos a vista de olhos turística pelos automóveis americanos descapotáveis impecavelmente preservados, pelos Cohiba e Monte Cristo facilmente acessíveis nas ruas, pelos daiquiris no Floridita e pelos mojitos na Bodeguita del Medio, pelo entardecer no Hotel Nacional, se escolhermos ver com olhos de viajante, percebemos que para lá dos ícones comerciáveis ainda existe aquela terra que “só era habitável para as plantas os insectos e os fungos, para a vida vegetal ou miserável”, como dizia um personagem de Cabrera Infante. Homenagear Fidel talvez seja não deixar morrer o que ele começou. E não apenas nas palavras, tão caras ao regime cubano. Como pudemos ler num dos pequenos “mercados” de libreta de Havana, la mejor manera de decir es hacer.  

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